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China diz que ‘novo capital’ do FMI deve ser distribuído pelos países africanos

A China anunciou esta quinta-feira que apoia a proposta do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativamente à distribuição da alocação de Direitos Especiais de Saque (DES) pelas nações africanas que se debatem com dificuldades financeiras devido à pandemia de covid-19.

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que cita a intervenção do vice-primeiro-ministro chinês na cimeira de Paris sobre o financiamento das economias africanas, o gigante asiático apoia a ideia do FMI, que passa por usar a alocação de capital destinada aos países mais ricos para financiar os esforços de recuperação económica das nações africanas mais fragilizadas.

Na intervenção, Han Zheng disse que Pequim quer que os credores comerciais e multilaterais e os países desenvolvidos tomem ações concretas para baixar o peso da dívida do continente que ainda não conseguiu recuperar da devastação económica causada pela maior quebra no Produto Interno Bruto nos últimos 25 anos.

Han reiterou que a China, que é o maior detentor de dívida bilateral das nações em desenvolvimento, muitas delas africanas, vai implementar totalmente a iniciativa do G20 para temporariamente suspender os pagamentos dos países mais pobres.

A indicação sobre o discurso de Han surge depois de o Presidente da França ter defendido que os países avançados deviam seguir o exemplo francês e garantir que as verbas que vão receber em função da quota que têm no FMI são canalizadas para ajudar os países mais afetados pela pandemia e sem espaço orçamental para investirem no relançamento das suas economias.

A emissão de DES do FMI, no valor de 650 mil milhões de dólares, equivalentes a cerca de 550 mil milhões de euros, reserva 33 mil milhões de dólares (27 mil mil milhões de euros) para os países africanos, mas perante uma dívida a rondar os 700 mil milhões de dólares, à volta de 570 mil milhões de euros, o valor é insuficiente.

Na quarta-feira, em Paris, Emmanuel Macron defendeu que os cerca de 33 mil milhões de dólares que África vai receber devido à emissão de DES podiam ser triplicados, para 100 mil milhões de dólares, se os países mais avançados seguissem o seu exemplo.

Ontem, em Pequim, o diretor-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que a China está a planear financiamento e outras medidas para apoiar os países africanos, reservando mais pormenores para o Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), que deverá decorrer em Dacar, no Senegal, em novembro ou dezembro.

Wu Peng vincou que a China está a conceder alívio da dívida a vários países africanos desde o ano passado e já providenciou vacinas para mais de 40 nações no continente, à medida que recebe pedidos.

A dívida dos países africanos à China tem sido um motivo de preocupação por parte dos analistas devido à opacidade dos contratos, que muitas vezes nem são divulgados pelas partes, impedindo a sua contabilização e levando à desconfiança por parte dos credores ocidentais.

De acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento, a dívida do continente anda à volta dos 700 mil milhões de dólares, cerca de 570 mil milhões de euros, metade dos quais é devido à China.

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