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Direita triunfa nas eleições de Madrid, um golpe para Sánchez e o Podemos

Álvaro Villalobos

A direita espanhola e a sua candidata Isabel Díaz Ayuso triunfaram nesta terça-feira (4) nas eleições regionais de Madrid, um fiasco para o Partido Socialista, do presidente Pedro Sánchez, e seu aliado Podemos, cujo líder, Pablo Iglesias anunciou sua retirada da vida política

Isabel Ayuso, presidente regional e candidata pelo Partido Popular (PP), dobrou seu resultado nas eleições de 2019 e obteve 65 das 136 cadeiras da câmara de Madri, segundo resultados praticamente definitivos. “Hoje começa um novo capítulo na história da Espanha”, proclamou, emocionada, da varanda da sede do PP, perante centenas de apoiadores em festa.

“Hoje, desde Madri, vamos recuperar o orgulho (…) a convivência, a unidade e a liberdade de que a Espanha precisa”, acrescentou a política madrilena, afirmando que o governo de esquerda de Pedro Sánchez “está com os dias contados”.

O resultado representa um revés para Sánchez, que se envolveu pessoalmente na campanha, e fez uma vítima direta: o líder do Podemos, Pablo Iglesias, que anunciou sua retirada da vida política após a derrota da esquerda. “Quando alguém deixa de ser útil, tem que saber se retirar”, declarou Iglesias, que deixou em março uma das vice-presidências do governo de coalizão de Sánchez para competir em Madri.

O anúncio inesperado de Iglesias indica o fim de um capítulo importante da política espanhola. Ele foi um de seus protagonistas desde que, em 2014, ajudou a fundar o Podemos, partido que soube catalisar o clamor dos Indignados em uma Espanha castigada por políticas de austeridade.

Decepção para o socialismo

Na falta de maioria absoluta, fixada em 69 cadeiras, o PP precisará do apoio da extrema direita do Vox (13 deputados). Sua líder regional, Rocío Monasterio, anunciou que irá facilitar a posse de Díaz Ayuso, como o fez há dois anos.

Por sua vez, o Partido Socialista obteve o pior resultado de sua história na região, com 24 cadeiras, sob o comando de seu candidato Ángel Gabilondo. Já a esquerda radical do Podemos, encabeçada nestas eleições por seu líder, Pablo Iglesias, obteve 10 deputados, muito atrás de sua dissidência, Más Madrid, que empatou no número de cadeiras e superou em número de votos os socialistas.

O Ciudadanos, partido liberal de centro-direita que governou com o PP na legislatura anterior em Madri e se tornou o terceiro partido na Espanha em 2019, desaparece do parlamento regional.

As eleições desta terça-feira, que tiveram uma participação de 76%, foram as primeiras realizadas em Madri desde que surgiu a pandemia, especialmente virulenta na capital, que precisou improvisar hospitais de campanha e um necrotério em uma pista de patinação no gelo.

Ainda agora, com 15.000 óbitos de um total de 78.000 em todo o país, a região da capital registra uma das piores incidências do novo coronavírus, com 44% de seus leitos de terapia intensiva ocupados com pacientes infectados. No entanto, os conservadores, que governam Madri há 26 anos, capitalizaram a arriscada política de medidas flexíveis adotada há quase um ano por Isabel Ayuso, com a abertura contínua de bares, restaurantes e casas de espetáculos.

A resistência às pressões do governo central e a oposição a endurecer as restrições renderam amplas simpatias, especialmente no setor de bares e restaurantes, com cervejas e pizzas batizadas em sua homenagem. “Ayuso merece ser amada pelo que fez, abrir os bares e gerar emprego”, disse José Luis Cordón, um funcionário público de 63 anos que votou na conservadora.

O resultado das eleições antecipadas terá validade de apenas dois anos, pois os madrilenos terão que votar novamente em 2023, quando devem acontecer as legislativas nacionais.

Para o o PP, a campanha em nível nacional está lançada. “Tivemos hoje uma virada na política nacional”, declarou o presidente dos “populares”, Pablo Casado.

Palavras de ordem e ameaças

A campanha aconteceu dentro de uma estrita lógica de blocos: os partidos de direita (PP, Vox e Ciudadanos) contra as formações de esquerda (PSOE, Podemos e Más Madrid). Os debates sobre problemas concretos, como a gestão da pandemia, os problemas de habitação e de investimentos em serviços públicos não tiveram peso.

Em um clima de lemas bombásticos (“comunismo ou liberdade”, “fascismo ou democracia”), a campanha foi abalada por ameaças contra vários líderes políticos, entre eles Díaz Ayuso e Pablo Iglesias, com envelopes que continham projéteis de armas de fogo.

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