A gigante francesa do petróleo Total suspendeu os contratos com pelo menos duas empresas de construção relacionadas ao bilionário projeto gasífero em Moçambique, interrompido após um ataque jihadista, anunciou nesta terça-feira (20) a principal associação patronal do país.
A Total suspendeu no começo de abril suas operações na província de Cabo Delgado (nordeste) e evacuou todo o seu pessoal devido ao ataque de grupos armados na cidade portuária de Palma em 24 de março, no qual morreram dezenas de civis, policiais e militares. O ataque, executado a poucos quilômetros do megaprojeto gasífero, na península de Afungi, foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).
A Total já tinha evacuado parte de seus funcionários e suspendeu os trabalhos no fim de dezembro, após uma série de ataques de extremistas islâmicos nas imediações.
A Confederação de Associações Econômicas de Moçambique (CTA) assegurou nesta terça-feira que o grupo energético francês tinha suspendido contratos com várias empresas indiretamente relacionadas com o projeto de gás.
Entre elas estão uma empresa de construção italiana, encarregada de construir um povoado para alojar os moradores deslocados pelo projeto, bem como uma empresa pública portuguesa encarregada de construir um novo aeroporto.
Os ataques jihadistas “tiveram um impacto negativo em 410 empresas e 56.000 trabalhadores”, disse à imprensa o presidente da CTA Agostinho Vuma, após um encontro com o embaixador francês e um representante da Total na capital, Maputo, nesta terça-feira.
“Pequenas e médias empresas locais já tinham perdido 90 milhões de dólares” desde o ataque de Palma, afirmou.
A CTA avalia neste momento o número de contratos suspensos e tenta saber se os terceirizados foram pagos, explica Vuma. Segundo ele, a Total assegurou “em uma reunião anterior” que o projeto da planta gasífera será retomado “quando for seguro”, antes de destacar que a empresa tinha pago todas as suas contas.
Um porta-voz da Total se negou a comentar estas declarações.