Início Negócios Ritmo pré-pandemia para breve, prevê diretora-executiva da Air Asia

Ritmo pré-pandemia para breve, prevê diretora-executiva da Air Asia

Catarina Brites Soares

Celia Lao diz que a companhia aérea recuperou nos principais mercados. A diretora-executiva da Air Asia Macau/Hong Kong mostra-se mais otimista que as previsões da IATA, que apontam 2024 como o ano em que haverá plena retoma no setor aéreo. As bolhas de viagem com as regiões continuam a ser uma prioridade que Lao espera ver concretizada, pelo menos com destinos de baixo risco como a Tailândia.

– A aviação é um dos setores mais afetados pela pandemia. Acredita ser possível voltar ao movimento de 2019?
Celia Lao – As viagens aéreas são essenciais para o crescimento económico. A procura continua a existir. Estamos preparados para dar resposta ao efeito ricochete que se espera que aconteça depois de ultrapassada a pandemia. Temo-nos adaptado às necessidades com inúmeras medidas de saúde e de segurança para que não haja contacto nos voos e para recuperar a confiança dos passageiros.

– Mas tem previsões?
C.L. – A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla inglesa) prevê que o tráfego global de passageiros não volte aos níveis pré-pandemia antes de 2024. Estou de acordo de que será um longo caminho, mas o aparecimento das vacinas e de testes cada vez mais eficazes trouxeram esperança às companhias aéreas. Acredito que os voos de médio curso recuperem mais rapidamente que os de longo.

– E no que respeita à Air Asia?
C.L. – A Air Asia está confiante que voltaremos mais capazes que muito dos nossos concorrentes. Já começamos a notar sinais significativos de recuperação em alguns dos nossos mercados-chave como a Malásia, Tailândia e Indonésia. Os resultados mais recentes apresentam sinais notáveis de retoma, especialmente na Tailândia, onde estamos perto de atingir os 100 por cento da capacidade doméstica pré-Covid.

– Várias companhias áreas estão a fechar, a cortar nos recursos humanos e a reduzir ligações. É o caso da Cathay Pacific e da Cathay Dragon, em Hong Kong. Vai aproveitar a oportunidade e apostar em novas rotas?
C.L. – A indústria está a atravessar o momento mais turbulento de sempre. Todas as companhias do mundo estão a enfrentar desafios sem precedentes. A Air Asia não é exceção. A contenção de custos e a redução do fluxo financeiro (cash flow) continuam a estar no topo das prioridades à medida que aumentamos as operações por fases. Temos reforçado a aposta nos nossos principais mercados, enquanto as fronteiras internacionais continuam fechadas.

– Garante que a Air Asia está preparada para as “bolhas de viagem” em Macau. Qual é a resposta do Governo? Há perspetivas?
C.L. – Face às incertezas, tendo em conta que as fronteiras se mantêm fechadas e as restrições às viagens permanecem, os nossos voos com Macau e Hong Kong estão suspensos. Continuamos a monitorizar a situação para que os nossos serviços internacionais retomem o mais rápido possível numa base regular, ou seja, Hong Kong e Macau para e da Malásia, Tailândia e Filipinas.

– Em que pé estão as negociações? Em agosto, afirmou que a Air Asia estava preparada para retomar as ligações internacionais em setembro, caso o Executivo autorizasse.
C.L. – Em geral, as negociações sobre as bolhas de viagem estão a progredir bem. A Air Asia continua a trabalhar de perto com os Governos e a indústria para que haja progressos, e isto inclui Macau e Hong Kong. O desafio óbvio continua a ser as restrições às viagens internacionais, que se mantêm. Alguns dos nossos mercados principais, como a Tailândia, têm conseguido controlar bem a pandemia. Esperamos que Hong Kong e Macau possam estabelecer bolhas de viagem com estes destinos de baixo risco.

– Para quando?
C.L. – Com várias vacinas contra a Covid-19 na fase final de testes, a previsão é que o sector aéreo retome muito em breve. A Air Asia espera voltar ao ritmo dos tempos pré-pandemia em muitas rotas em meados de 2021, senão antes. É consensual na indústria de que não demorará muito até que o turismo em massa volte ao normal em termos globais.

– Que medidas considera primordiais para que se recupere confiança a viajar?
C.L. – A pandemia alterou a forma como viajamos em muitos aspetos. Restaurar a confiança é crucial, especialmente agora que o mundo começa a recuperar da pandemia e que há uma procura de viagens cada vez maior, tendo em conta as bolhas de viagem, os testes mais rápidos e o aparecimento de várias vacinas. Na Air Asia, pusemos em prática rigorosos procedimentos de saúde e higiene. Recentemente, fomos premiados com nota máxima pela resposta às exigências da pandemia da parte de especialistas de segurança aérea da Airlineratings.com, tudo por termos sido uma das primeiras companhias a adotar de forma muito séria todas as regras de segurança regionais e internacionais estabelecidas pela IATA, Organização da Aviação Civil Internacional e da Organização Mundial de Saúde. Percebemos desde cedo que as expectativas dos nossos clientes estão muito para lá do preço e aplicámos uma série de inovações como parte da transformação digital que iniciámos há dois anos.

– Como tem a Air Asia conseguido sobreviver ao impacto da pandemia?
C.L. – Enquanto o setor foi obrigado a parar por causa da pandemia, aproveitámos para acelerar a transformação digital. Temos conseguido mudar de uma companhia área apenas, para uma one-stop travel e uma plataforma de lifestyle, através da nossa aplicação que oferece 17 linhas de produtos, incluindo voos da Air Asia e de outras companhias aéreas, pacotes de hotéis, produtos duty-free, de saúde, entre outras coisas. Enquanto aguardamos pela suspensão das restrições, a Air Asia Hong Kong e Macau está a aproveitar a oportunidade para acelerar o negócio de cargo e expandir os produtos da app para os clientes de Hong Kong e Macau.

– Mantém-se o interesse da companhia em estabelecer uma base em Macau?
C.L. – Estamos abertos a qualquer possibilidade que permita oferecer mais oportunidades na Grande Baía a partir de Macau. Tendo em conta a pouca população e o tamanho reduzido do aeroporto, Macau foi uma oportunidade única desde o início. O enfoque nas transportadoras low-cost desde 2004 provou ser efetivo. Conseguiu atrair a maioria das companhias de baixo custo para a região com uma proporção de 28,5 por cento em Macau, 10,3 por cento em Hong Kong, 7,3 em Guangzhou e 5,6 em Shenzhen.

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