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A culpa do desmatamento na Amazónia é de todos

Guilherme RegoGuilherme Rego*

A floresta tropical da Amazónia é cada vez mais envolvida em polémicas ambientais. Parece que o governo do Brasil não se preocupa ou ignora o impacto ambiental do desflorestamento e queimadas no território, enquanto o resto do mundo olha atento para a situação, com preocupação. Vamos tentar perceber um pouco do contexto.

Ambiente:

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo. Nela, alberga mais de um terço das espécies de plantas e animais do planeta.

À partida, é fácil de perceber a sua importância ambiental, não só para o Brasil, mas para o mundo. Considerada o “Pulmão da Terra”, esta floresta contribui para armazenar grande parte das emissões de carbono causadas pelo homem. Quando a floresta é queimada, seja por causas naturais ou ilegais, é um golpe duplo para o clima. Os incêndios aumentam as emissões de carbono para a atmosfera e perde-se uma futura fonte de armazenamento do mesmo. É necessário perceber que este tipo de florestas, que agora constituem apenas entre 3 a 6% da superfície da Terra, têm um impacto gigantesco no aquecimento global. Conservadas, podem ser a esperança de um futuro melhor para todos. Destruídas, o futuro negro pode chegar mais rápido do que se tem previsto.

Causas para a desflorestação:

No entanto, a riqueza natural da Amazónia contrapõe-se drasticamente com os baixos índices sócio-economicos da região, de baixa densidade demográfica e crescente urbanização. Desta forma, o uso dos recursos florestais é estratégico para o desenvolvimento da região e para o PIB nacional.

A produção agropecuária desenfreada tem sido a grande causa do desmatamento da Amazónia. É importante perceber que muitas destas zonas, que contribuem para o crescimento da fronteira agrícola na floresta tropical, são muitas vezes ilegais e mal aproveitadas. Já se realizaram estudos que demonstraram ser possível aumentar a produtividade do ramo da agropecuária sem desmatamento da floresta.

O Mundo:

Várias organizações internacionais, ONGs, figuras políticas e celebridades por todo o mundo têm se revoltado pelo estado em que se encontra a floresta da Amazónia, sendo que muitos acreditam que estas iniciativas têm incentivo do próprio governo brasileiro.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou na sexta-feira o seu repúdio à ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) por questões ambientais, entre as quais citou uma política ambiental omissa face à destruição da Amazónia.

“Não podemos admitir e incentivar que nações, entidades e personalidades estrangeiras, sem um passado que lhes dê autoridade moral para nos criticar, tenham sucesso no seu objetivo principal, obviamente escondido, mas evidente para os não inocentes, que é prejudicar o Brasil e derrubar o Governo de Bolsonaro”, disse Augusto Heleno, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) brasileiro.

O ator premiado Leonardo DiCaprio também marcou a sua posição: Amazónia ou Bolsonaro.

Mas há sempre dois lados da moeda…

Brasil:

Sem querer estender-me muito sobre o assunto, a verdade é que o Brasil precisa dos recursos naturais da Amazónia para o desenvolvimento, quer a nível social, quer económico. Poderia fazê-lo de uma forma mais sustentável? Claro que sim! Mas será que isso resolve os problemas socioeconómicos existentes no país? Penso que não.

De certo modo, o desmatamento cruel serve de sustento para muitos e ajuda o Brasil num contexto de afirmação económica. Embora não acredite que esta seja a solução para o Brasil, também não acredito que a condenação destes atos por agentes externos seja a solução, já que é um fenómeno antigo, com mais de 50 anos, pelo menos (embora tenha crescido muito nestes últimos anos).

Por acaso calhou estar no Brasil, será que noutro país qualquer seria diferente? Custa-me a acreditar. Porém o esforço tem de ser feito, mas não se pode pedir ao Brasil que pare de explorar economicamente o território sem haver um esforço internacional para substituir esta fonte de rendimento.

Todos juntos, pode-se fazer a diferença:

Sustentabilidade é um conceito que cada vez mais tem de estar ciente na mentalidade humana. Usar sem provocar danos irreversíveis. Sendo que a Amazónia é o “Pulmão da Terra”, deve ser um exercício feito por todos e não apenas colocar a responsabilidade da má utilização no Brasil. Tem de ser uma zona protegida pelo mundo, pois o impacto que ela tem é global. Deve-se criar mecanismos de apoio ao Brasil porque, tal como a pandemia de Covid-19 é uma crise global, o desaparecimento destas zonas também é. O próprio desenvolvimento socieconómico da região deve ser um esforço pelo menos considerado por todos. Se for bem feito, pode-se evitar grande parte da destruição deste habitat natural.

*Jornalista do Plataforma

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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