Um jornal norte-americano revelou esta sexta-feira que uma jornalista sua foi detida e expulsa da região chinesa da Mongólia Interior quando cobria tensões em torno de uma nova diretriz que reduz o uso da língua mongol nas escolas.
Numa notícia difundida esta sexta-feira, o Los Angeles Times disse que a jornalista foi interrogada numa esquadra da polícia, agarrada pelo pescoço e empurrada para dentro de uma cela, onde ficou mais de quatro horas, antes de ser forçada a deixar a região.
A jornalista foi cercada por agentes da polícia à paisana numa escola em Hohhot, a capital da Mongólia Interior, e colocada numa viatura que a levou para uma esquadra, segundo o jornal, que acrescentou que ela não teve permissão para ligar para a Embaixada dos Estados Unidos.
“Um polícia agarrou-a pelo pescoço com as duas mãos e empurrou-a para uma cela”, lê-se na mesma notícia.
Três funcionários do Governo e um polícia acompanharam-na depois até uma estação de comboios e ficaram a observar até à sua partida de regresso a Pequim.
O relato surge no fim de uma reportagem que Su escreveu sobre protestos e greves às aulas que eclodiram na Mongólia Interior esta semana, contra uma nova política de educação bilíngue que os manifestantes dizem ameaçar a língua mongol na região.
A Mongólia Interior é uma região com 25 milhões de habitantes, que faz fronteira com a Mongólia.
Cerca de 17% da população é de etnia mongol, enquanto os han, a etnia maioritária na China, representam 79%.
A política, anunciada na segunda-feira, antes do início do novo ano letivo, exige que as escolas usem novos livros didáticos em chinês, substituindo os livros em língua mongol.
As aulas de literatura para alunos do ensino básico e médio nas escolas que ensinam em língua mongol passarão a adotar livros chineses e serão ministradas em mandarim.
No próximo ano, o curso de política e moral também mudará para o mandarim, assim como as aulas de história, a partir de 2022. As restantes disciplinas, como a matemática, não mudarão o idioma de ensino.
Os oponentes veem a ação como uma tentativa de forçá-los a assimilar a cultura han. Eles temem que a sua língua materna possa ser apagada com o tempo.
O incidente ocorre numa altura de tensões mais amplas entre os Estados Unidos e a China sobre os seus correspondentes em cada um dos países.
Os EUA designaram vários órgãos de comunicação chineses a operar no seu território como missões estrangeiras e colocaram um limite no número de vistos que podem ser emitidos para os seus jornalistas, forçando-os a reduzir o tamanho das suas equipas.
A China retaliou com a expulsão de jornalistas norte-americanos que trabalhavam para três jornais dos EUA e exigiu que várias agências de notícias fornecessem informações semelhantes ao que é exigido às missões estrangeiras nos Estados Unidos.