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Sara W. a líder da extrema-direita brasileira detida já foi feminista

Rute Coelho

A jovem de 27 anos, detida hoje pela Polícia Federal a mando do Supremo, é líder do movimento “300 do Brasil”, um grupo armado da extrema-direita brasileira constituído por apoiantes do Presidente Bolsonaro. Mas no passado foi feminista na organização internacional Femen e até já pediu desculpas por isso aos cristãos

Sara Winter, de 27 anos, tem apostado na radicalização do discurso através das redes sociais. A líder do braço armado da extrema-direita brasileira, o movimento “300 Brasil”, diz que anda escoltada por seguranças armados. Publicamente, não tem poupado nas palavras. Defende, por exemplo, que os juízes do Supremo Tribunal Federal – os que ordenaram a sua prisão – “sejam removidos pela lei ou pelas mãos do povo” e apoia o “extermínio da esquerda”.

Entre abril e outubro do ano passado, atuou como coordenadora-geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade do Ministério da Família, Mulheres, e Direitos Humanos, por indicação da ministra Damares Alves, com quem partilha bandeiras contra o feminismo e o aborto, como escreve a BBC Brasil num artigo de perfil da ativista, publicado hoje.

Instagram Sara Winter

Mas no passado as bandeiras do feminismo eram a sua identidade. Sara Winter foi uma das fundadoras da sucursal brasileira do grupo internacional feminista Femen, conhecido pelas ações de rua das suas ativistas que invariavelmente surgem em topless com palavras de ordem pintadas no peito. Como membro da Femen, Sara chegou a “castrar” um boneco que representava o então deputado federal Jair Bolsonaro, o homem que agora é Presidente do Brasil e que ela atualmente venera.

Quando era ativista da extrema esquerda feminista, Winter defendia causas sociais como a construção social dos géneros, o feminismo e a legalização do aborto.

A própria já admitiu em entrevistas que aderiu ao Femen porque queria “de alguma forma exterminar todo o tipo de violência contra a mulher”.

E foi essa motivação que a levou, aos 19 anos, a viajar até à cidade de Kiev, capital da Ucrânia, para conhecer uma das líderes do grupo, Inna Shevchenko, e receber treino de militância.

Winter voltou ao Brasil em 2012 e abriu a sucursal brasileira da organização feminista. Mas em 2013, menos de um ano depois de sua inauguração, esta foi fechada. Em comunicado divulgado à época, a sede retirou o direito de Winter de usar o nome Femen. Em maio daquele ano, a ucraniana Alexandra Shevchenko, uma das fundadoras do Femen, afirmou o seguinte sobre a ativista brasileira: Winter já “não faz parte do nosso grupo, tivemos muitos problemas com ela. Ela não está pronta para ser líder”.

Essa rutura com a Femen terá estado na base de uma radicalização para o lado da extrema-direita, quase como uma vingança, por parte de Sara Winter. Em 2014, a ativista chegou a publicar vídeos no YouTube em que pedia perdão aos cristãos por ter feito parte do Femen e publicou um livro intitulado “Vadia não! Sete vezes que fui traída pelo feminismo”, no qual relatava experiências negativas que teve dentro do movimento.

A partir de então, começou o seu “namoro” com personalidades conservadoras do Brasil, aproximando-se de figuras como o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) e o presidente Jair Bolsonaro (à época deputado federal).

Agora, segundo contou numa entrevista à BBC News Brasil, o seu foco passou a estar concentrado na convocação de militantes para que “o povo seja a classe soberana do país”.

“Em todos os nossos comunicados dizemos claramente que utilizamos técnicas de ação não violenta e desobediência civil. O que tem a ver ação não violenta com armas? Engraçado como a alcunha de milícia paramilitar foi rapidamente nos atribuída, mas jamais passou perto dos militantes do MST, que carregam armas e fações”, afirmou, na entrevista.

“(Estamos) preparados para dar a vida pela nação, e nossas armas são a fé em Deus, a esperança neste governo e os métodos de ação não violenta.”

Leia mais sobre Sarah Winter em:

Líder de grupo armado da extrema-direita do Brasil detida

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