A herança histórica de Macau, marcada por mais de 400 anos de cultura portuguesa, seria insuficiente para a impor a língua de Camões depois da passagem de soberania para a China. O economista José Sales Marques explica que só mesmo o “pragmatismo da China” permite a “importância incrível” da língua portuguesa no futuro, uma vez que foi assumida como “instrumento da política externa chinesa”, uma vez que Macau é assumido como “uma janela para o mundo” e ponte para as relações com os Países de Língua Portuguesa.
Numa cidade muito marcada pela economia do jogo, “há muito tempo”, a geoestratégica chinesa aponta para o futuro Macau a missão de se integrar na lógica continental, sobretudo através do papel que lhe é reservado na Grande Baía – região económica especial ao longo do Delta do Rio das Pérolas. Mas, ao mesmo tempo, recorrendo à sua cultura histórica e à sua capacidade de adaptação para servir os interesses da China na sua relação com a Europa e a Lusofonia, conclui Sales Marques.
Veja o debate completo sobre a identidade de Macau, com Carlos Morais José, José Sales Marques (economista e presidente do Instituto de Estudos Europeus) e Miguel Senna Fernandes (advogado, presidente da Associação dos Macaenses), moderado por Paulo Rego (diretor geral do Plataforma Macau).