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Macau regressa à escola

Filipa Rodrigues e Guilherme Rego

O regresso às aulas em Macau em período de pandemia ainda não está terminado. Por recomeçar estão as aulas do pré-primário e os três primeiros anos da primária. Os alunos do secundário e dos 3º e 2.º ciclos voltaram às aulas presenciais desde 4, 11 e 26 de maio, respetivamente. O PLATAFORMA foi conhecer as novas medidas adotadas pela Escola Portuguesa e pela Escola Secundária Pui Ching para reabrirem em segurança.

Escola Portuguesa de Macau (EPM)

As novas exigências para a reabertura das aulas após o período de paragem escolar motivado pela pandemia do novo coronavírus obrigou à alteração de procedimentos. Na Escola Portuguesa de Macau (EPM), por exemplo, os responsáveis impuseram um ensaio geral a anteceder a abertura das portas. “Todos os funcionários realizaram um exercício de simulação de como se deveria processar a entrada e a circulação dos alunos na reabertura das aulas”. A revelação foi feita pelo presidente da EPM, Manuel Machado, em conversa com o PLATAFORMA, na qual lembrou a obrigatoriedade de seguir recomendações, designadamente dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e da Direcção dos Serviços de Saúde de Macau.“No chão da entrada da escola foi marcada a distância mínima considerada segura. Os alunos ao entrar têm de apresentar o cartão e a declaração de saúde. Passam pelo pórtico de temperatura, que instalámos à entrada da escola, e de seguida, desinfetam as mãos com gel”, disse. 

Depois – prosseguiu – “seguem de acordo com o traçado indicado para as respetivas salas de aula. Estas estão a funcionar fundamentalmente na ala nova, que tem dois lances de escadas. Para evitar grandes concentrações de alunos, resolvemos dividir a circulação das turmas entre os dois lances, de acordo com as indicações presentes no chão”.

“Paralelamente a isto, foram reduzidos os períodos de intervalo para evitar que os alunos saiam das salas constantemente. Há dois períodos de cinco minutos e dois de dez. Nos intervalos mais curtos, o enfermeiro residente mede a temperatura de cada aluno. Reorganizaram-se as salas de aula, distanciando as mesas. As turmas maiores foram realocadas, designadamente para o auditório. Alteraram-se horários de modo a evitar grande circulação de uma sala para a outra. A ideia é concentrar cada turma numa sala apenas”, esclareceu.

Manuel Machado disse que “não houve grandes dificuldades” por parte dos funcionários na adaptação à nova realidade. “Todos aderiram com satisfação e perceberam que estamos a viver uma situação diferente da normal, e que as novas regras são necessárias para a segurança de todos”, remata.

Relativamente aos planos curriculares e critérios de avaliação, houve mudanças. Mas o Presidente da EPM não as considera um motivo de alarme. “Não diria que a alteração foi radical. Estava previsto o ano letivo para os 9º, 11º e 12º acabar a 4 de junho, e a 26 os restantes. Agora, o ano prolonga-se para todos até 3 de julho, coincidindo com início dos exames nacionais. Esta nova data serve para reparar o atraso que resultou da pandemia”, explicou. 

Os critérios de avaliação foram ajustados tendo em conta que parte do ano letivo foi lecionado com aulas não presenciais. Foi comunicado aos encarregados de educação o peso que a componente presencial e não presencial terá na avaliação final. O intuito da escola é que ninguém saia prejudicado e que não haja taxas de retenção superiores às anteriores”, disse. 

A regulamentação portuguesa de exames introduziu ainda outras alterações. O 9º ano, por exemplo, não vai ter Provas Finais de Ciclo. No que diz respeito ao 11º e 12º anos, os alunos só são obrigados a fazer as provas de ingresso ao ensino superior. A 2ª fase de exames só se realizará em setembro, ao contrário do que acontecia antes, que acabava no final de julho. Nos exames há perguntas opcionais. Os alunos respondem às que se sentem mais à vontade. Tudo isto é muito importante, quer do ponto de vista do conhecimento das matérias, quer da carga psicológica”, elucidou. 

Escola Pui Ching 

Na escola chinesa Pui Ching as medidas seguidas não se diferenciaram muito das recomendadas pela DSEJ e adotadas pela Escola Portuguesa.

Em declarações ao PLATAFORMA, Chan Keng Lim, vice diretor da escola assinalou a contratação de um terceiro enfermeiro. “Agora temos três enfermeiros em permanência na escola para nos darem apoio”.

“No início tivemos algumas dificuldades” na execução de algumas diretrizes da DSEJ, disse. A estas dificuldades acresciam os receios de pais, alunos e professores devido à situação sanitária em Macau. Além disso “os alunos estavam stressados em casa com receio de não estarem a acompanhar os níveis de exigência curricular da escola. Assim que a escola reabriu, essa sensação desapareceu”, justificou. 

Questionado sobre a reação dos diferentes agentes da comunidade educativa à reabertura, admitiu que “este período e final de ano letivo é muito especial” para a escola por ser a primeira vez que se reiniciam as aulas tão tarde. “As aulas do ensino secundário começaram a 4 de maio. Há níveis de ensino que só começam em junho”, esclareceu. 

Apesar disso, “para os docentes o sentimento é de felicidade com o reinício das atividades. Nas aulas online só podem ensinar matérias, não compreendem a mente dos alunos. Desde que recomeçámos as aulas presenciais há troca de ideias, comunica-se e obtém-se mais reações dos estudantes. É muito positivo para os professores. É bom para todos.”

“Os alunos estão também muito felizes. Observamo-los todos os dias à entrada da escola. Chegam muito alegres, com enormes sorrisos na cara. É muito positivo”, assinalou.

O reinício das aulas não é obrigatório para todos os alunos. Para estudantes do ensino pré-escolar ou primário – continuou – “o governo definiu como política a possibilidade de os pais escolherem entre os alunos continuarem em casa ou voltarem para a escola”. Apesar disso, “constatámos que a maioria optou por regressar. Todos estavam com vontade de voltar e rever os amigos”. 

Já em relação aos pais, “uns reagiram positiva e outros negativamente”, afirmou Chan Keng Lim. 

“Com os pais dos alunos do ensino secundário não houve problemas. Mas os do ensino pré-escolar e primário estavam mais preocupados com o regresso. Se não seria perigoso voltarem. Com o passar dos dias as dúvidas e preocupações iniciais da maioria dos pais estão a dissipar-se”, esclareceu.

O responsável lembrou que “durante todo o período de suspensão das aulas foram comunicadas aos docentes as orientações para fazer face aos atrasos do calendário escolar e como reorganizá-lo para se atingirem os objetivos traçados no início do ano letivo. Após o regresso à escola conclui-se que não há pressa para atingir alguns objetivos”.

O sistema chinês obriga à realização de exames finais em todos os anos escolares. A escola decidiu, por isso, “as aulas e os exames finais já programados vão realizar-se”.

“Para recuperar do atraso, as aulas continuarão até finais de julho ou agosto, já em formato de aulas adicionais, não obrigatórias”, disse, considerando ser esta modalidade “um grande desafio” para a escola. 

Relativamente aos critérios de avaliação para este ano, “há que dividir a questão em duas”, explicou. “O 12º ano, caso excecional por ser o último ano de ensino manterá as datas dos exames. Porém, seremos mais flexíveis. Um pouco menos rigorosos”, conforme orientação da DSEJ.  “Espero que seja uma situação que só venha a acontecer uma vez”. 

Relativamente aos restantes anos “cancelámos os exames finais (do 1º ao 11º). Os alunos terão avaliações globais com oportunidade de recurso por mais de uma vez”.

Salientou ainda que “foi posto em prática, pela primeira vez na Pui Ching, uma política especial de recurso ilimitado aos exames finais, apenas para os alunos em fim de ciclos (do último ano da pré-primária, do 9º e 12º anos). 

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