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Governo e Pequim com derrota massiva

Os candidatos democratas ganharam 17 dos 18 distritos. Todos os que venceram eram antes liderados pelo campo pró-Pequim. Dos 452 lugares, os pró-democratas ganharam 347, os independentes – muitos deles pró-democracia – venceram 45, enquanto os pró status-quo conseguiram 60. O resultado permite que o campo pró-democracia tenha agora mais lugares no comité que elege o Chefe do Executivo, provavelmente 117. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim tinha obtido quase dois terços dos assentos nos conselhos distritais. Agora perderam mais de 240.
Mas houve outro recorde: 71,2 por cento dos 4,1 milhões de eleitores recenseados foram às urnas. Ou seja, perto de três milhões de eleitores votaram – quase metade da população de sete milhões -, nas eleições encaradas como um barómetro aos protestos, Governos local e central. Em 2015, a percentagem tinha sido de 47 por cento. Foram as eleições mais participadas na história de Hong Kong desde a transição, em 1997.
Os democratas conseguiram um apoio transversal tendo vencido em bairros pobres e ricos, assim como nas zonas consideradas pró-manifestações e as que são conhecidas como sendo contra os protestos, tanto no centro como nos subúrbios.
Junius Ho foi um dos grandes derrotados. O candidato pró-Pequim, uma das figuras mais críticas dos protestos, foi associado a uma das ações mais violentas contra manifestantes, na estação de metro Yuen Long.
Já Jimmy Sham, protagonista do Movimento dos Guarda-Chuvas e líder da Human Rights Front, – que organizou as marchas massivas do movimento -, foi um dos grandes vencedores. Assim como Kelvin Lam O candidato substituiu Joshua Wong depois da candidatura de outra das caras da Revolução dos Guarda-Chuvas não ter sido aceite. Foi o único impedido de concorrer.
Foi a primeira vez que todos os assentos nas eleições do conselho distrital tiveram candidatos de pelo menos dois partidos da oposição. Em 2015, 68 candidatos concorreram sem oposição.
Os resultados, referem analistas, são um claro sinal contra a líder Carrie Lam e o Governo, debaixo de fogo desde junho quando teve início o movimento contestatário. Mais de cinco mil pessoas foram detidas desde o início da contestação marcada pela escalada de violência da polícia e manifestantes.
A votação decorreu de forma pacífica sob a vigilância de um forte dispositivo policial. Quase ninguém usou roupas pretas ou máscaras, uma marca dos manifestantes, depois do consenso nas redes sociais que usam para debater.

Catarina Brites Soares 29.11.2019

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