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Paixão por Pomar e Amigos

Júlio Pomar e amigos podem ser apreciados na galeria do Instituto Cultural, desde quarta-feira, e a partir de hoje, no Albergue. Uma oportunidade rara para ver e sentir uma lenda viva das artes plásticas, particularmente apreciado em Macau e bem conhecido na China

Manuel Prudêncio e Milú Ferreira falam com paixão, transmitem orgulho pelos quadros que trouxeram de casa, em Lisboa, permitindo a Macau a rara experiência de ver e sentir Júlio Pomar e alguns dos seus amigos (ver quadro), artista de topo; talvez mesmo “o mais admirado entre os pintores portugueses ainda vivos”, comenta Manuel Prudêncio Ferreira, enquanto explica a leitura que o próprio Pomar faz de um dos quadros da coleção particular exposta desde quarta-feira na galeria do Instituto Cultural. A exposição é coorganizada com o Albergue da SCM, que abre hoje ao público a outra parte da coleção.

O presidente do Instituto Cultural, Guilherme Un Vai Meng explicou detalhadamente a exposição a um grupo de alunos que anteontem se deslocou à galeria do ICM. Fê-lo com detalhe e visível interesse de quem percebe o valor artístico e a oportunidade institucional da exposição; mas também com a indisfarçável paixão de quem percebe de pintura e se aventura, também ele, a comunicar emoções através da pintura.

Manuel Prudêncio Ferreira passeava pela sala como quem toma conta do que lhe é mais querido. “É sempre um grande risco”. Os quadros têm seguro, mas isso não adianta nada. Se acontecer alguma coisa não posso comprar outro. Porque não há outro igual!”. E não há mesmo. Só um dos quadros presentes na galeria do ICM, “D. Quixote e os Cordeiros”, está avaliado em 10 milhões de patacas. “Mais ou menos isso”, comenta Manuel Prudêncio, desvalorizando a questão monetária. “Isto é muito complicado; a gente apaixona-se pelos quadros; é uma coisa sem explicação”. E custa tirá-los lá de casa. “Já enchi as paredes com outros, conta Milú Ferreira, a quem faz aflição viver entre paredes nuas. Curadora da exposição, a par de Lina Ramadas, Milú Ferreira conta a estória de um quadro, “com muito valor”, que um dia lá decidiram vender a outro colecionador, “porque ele também merecia ter aquele quadro”. Fizeram o preço, “caro mas justo” e Manuel Prudêncio lá foi entregá-lo. Mas caíram-lhe as lágrimas no canto olho. De tal forma que um dia esse colecionador, impressionado com a cena, apareceu a trazer o quadro de volta, propondo trocá-lo por outro. “Um que não custasse tanto a ver partir”.

Mestre de renome

Carlos Marreiros exulta com a oportunidade de trazer a Macau “um mestre português de renome internacional”, com uma obra tão expressiva: ”É uma alegria termos a obra do Júlio Pomar. Vamos estender a exposição até Janeiro e queremos celebrar o dia da RAEM – a 20 de Dezembro – com um grande mestre português”. Nos dois últimos anos “assinalámos a data com exposições de mestres chineses, mas o que queremos é intercalar”, explica Marreiros,

frisando ainda a alegria de mostrar no Albergue “um acrílico do Júlio Pomar, da série erótica, em estreia absoluta, porque nunca foi exibido em público.

Carlos Marreiros explica ainda porque a elite cultural de Macau, Miu Peng Fei e Guilherme Un Vai Meng incluídos, gostam tanto de Pomar. “Ele é conhecido e apreciado em Macau e na China Continental. Desde a década de 1980 houve exposições onde o Júlio Pomar foi apresentado. Por isso os artistas locais conhecem-no e nos meios artísticos, culturais e académicos da China ele também é conhecido. Não só pelo seu talento e pela sua obra carismática, mas também porque ele joga com transparências, sobreposições e escorrências; gosta de misturar manchas de acrílico cryon, carvão e lápis, técnica que é muito querida, não só na China como em toda a Ásia”.

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