A monotonia não cabe em Adelson. Há quem o ame, quem o odeie; até quem ache que viaja do lado de lá da razão… Mas nunca se é indiferente face a quem ataca agora Alexis Tam, homem forte do Turismo e face da guerra anti-tabaco. Limitar o número de turistas é ideia de um homem só, garante o líder da Sands. Será? Por cá, diz-se tudo do secretário menos que não tem força nem rede. Terá um estilo único, um discurso duro e inédito, mas é precisamente aí que joga o apoio do povo e das redes palacianas.
Se a estratégia é amançar Leonel Leong, batendo no homem do lado, menos ainda se entende Adelson. Porque este governo – talvez pela primeira vez – já não é de um homem só. Aliás, tem uma rede blindada a hábitos de outros tempos. Por um lado, os americanos – por maioria de razão, os ligados a Israel – gabam-se de terem serviços de informação competentes; por outro, será ingénuo acreditar que Adelson não sabe o que diz. O sucesso que tem, no mundo das feras, não é certamente feito de tonterias. O que não quer dizer que tenha sempre razão. Quem é que terá hoje em Pequim? Serão mesmo amigos do tigre? Ou antes amigos da onça? O mundo gira depressa, em Macau e na China, para se terem tantas certezas. Nesta fase, tonitroar contra um novo secretário parece mais dar murro em ponta de faca.
Presumindo que haja nisso alguma racionalidade, ela só se explica pela urgência em aliviar a pressão de accionistas e de sindicatos financeiros, passando a ideia de que Alexis Tam não vingará ao baixar ainda mais as expectativas da indústria. Pois… Mas as informações que chegam da China dizem precisamente o contrário. Ou seja, Alexis Tam, como Lionel Leong, têm carta branca para uma governação que mostre os dentes do poder aos casinos. Não sei quem Adelson ouve, mas há na própria companhia, em Macau, quem lhe tenta explicar o que parece não querer ouvir.
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