Início Opinião Constantine – EMPRESAS CHINESAS PODERÃO EVITAR BLOQUEIO DE PATENTES?

Constantine – EMPRESAS CHINESAS PODERÃO EVITAR BLOQUEIO DE PATENTES?

 

Para as empresas chinesas, o maior sonho é passar a fronteira do mercado nacional e entrar no mercado estrangeiro. Isto já se tornou realidade na indústria dos eletrodomésticos. A indústria dos telemóveis, por outro lado, ainda está à espera da sua oportunidade para “sair do casulo”. A Huawei, a ZTE e outras empresas já têm alguma presença no mercado internacional, mas, em geral, o seu impacto não é muito grande. Quanto a empresas como a Meizu, a Xiaomi ou a OnePlus, as suas tentativas encontram-se em fase experimental, ainda sem uma estratégia definida. As empresas com mais potencial de quebrar a barreira internacional poderão ser a TCL e a Lenovo.

Na CES deste ano, a TCL anunciou a aquisição da famosa empresa de dispositivos móveis Palm, e a Lenovo anunciou o lançamento do novo Motorola em finais de janeiro na China. Ambas são empresas chinesas adquirindo o nome de empresas ocidentais, usando, porém, estratégias diferentes. A questão é se isto poderá evitar o bloqueio de patentes, e assim permitir que as empresas chinesas possam oficialmente fazer sucesso no mercado internacional.

 

TCL EM BUSCA DE RENOME, E LENOVO PROCURANDO OBTER AUTORIDADE – OS “BACKDOOR LISTINGS” PARA O COBIÇADO MERCADO GLOBAL

 

Segundo consta, a TCL confirmou oficialmente na CES deste ano que já completou a aquisição da marca Palm, e que irá continuar as operações independentes da marca. Desta vez, o preço total da aquisição ficou em cerca de 10 milhões de dólares, o que aparenta ser um ótimo negócio. Lembremo-nos que a HP tinha anteriormente gasto 1,2 mil milhões de dólares para adquirir a Palm. No entanto, a aquisição por parte da TCL apenas inclui a marca e o seu nome nas várias zonas do mundo, não incluindo funcionários ou outros ativos. Por outras palavras, a TCL apenas quer um nome de marca, adicionando assim uma espécie de auréola à sua empresa.

A Lenovo, por outro lado, embora tenha gasto 2,9 mil milhões de dólares na aquisição da Motorola, obteve tudo o que foi possível. Não só tem os direitos de uso de todas as patentes da Motorola, como também obtém todas as ligações da marca com os canais e operadoras dos mercados da Europa, América do Norte e Brasil, e mantém mais de 2000 investigadores experientes localizados nos Estados Unidos. Para além disso, o valor da marca Motorola é claramente superior ao valor da Palm. Como se pode ver, a Lenovo está a tentar obter autoridade.

Isto basicamente representa as duas formas de “backdoor listing” para as empresas chinesas, uma para obter renome e outra para obter autoridade. Usando estas duas formas como trampolim, as empresas chinesas podem aceder diretamente ao mercado global sem terem de se esforçar para criar as suas próprias vias de acesso.

 

EVITAR O BLOQUEIO DE PATENTES? MAIS FÁCIL DITO DO QUE FEITO

 

Mas para verdadeiramente obter sucesso no mercado internacional não basta apenas o método de “backdoor listing”. O principal problema que as empresas chinesas enfrentam é o bloqueio de patentes. Neste aspeto, a TCL já pôde sentir na pele as dificuldades deste obstáculo. Há dez anos atrás, a TCL completou a aquisição da pioneira Alcatel Mobile Phones. No entanto, não só não conseguiu um resultado positivo a partir das tecnologias patenteadas da Alcatel, como criou ainda um “buraco negro” financeiro que não conseguiu suportar. A juntar a este o caso da Xiaomi, com patentes bloqueadas pela Ericsson no mercado indiano, torna-se claro que a questão das patentes ainda é um problema difícil de evitar para as empresas chinesas.

Na feira deste ano da CES, Peter Hortensius, o diretor técnico da Lenovo Group, disse em entrevista que as marcas chinesas de smartphones não possuem capacidade de inovação a nível internacional, e a aquisição da Motorola poderá fornecer à Lenovo um novo potencial de investigação e desenvolvimento, tornando-se assim numa marca de telemóveis global. A partir das palavras ambiciosas da Lenovo podemos concluir que a obtenção dos direitos de utilização das patentes da Motorola permitirão à Lenovo evitar o bloqueio de patentes no mercado internacional e poupar muito tempo e recursos, tanto financeiros como humanos. Mas como fazer uso desta vantagem? Até agora aparentemente ainda não houve nenhuma ação concreta por parte da Lenovo, sendo que a entrada no mercado chinês foi apenas um passo pequeno. Para além disso, adquiriu apenas os direitos de utilização das patentes, sendo que elas ainda se encontram nas mãos da Google, o que também constitui um risco.

A Xiaomi, Meizu, OnePlus e outras jovens empresas em ascensão irão inevitavelmente deparar-se com problemas de bloqueio de patentes ao tentar entrar no mercado internacional. A estratégia enviesada da TCL e da Lenovo também não as coloca fora do problema. O caminho é longo, e o obstáculo das patentes continuará a surgir.

 

JÁ É CLARA A ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS CHINESAS: O AUTOAPERFEIÇOAMENTO E OS RECURSOS INTERNACIONAIS

 

No altamente competitivo mercado de dispositivos móveis, não sair para fora significa ficar para trás. Aqui, não só o sucesso mas a mera sobrevivência implica imensas dificuldades. Este mercado na China já está saturado, e a saída das empresas para o estrangeiro já se tornou uma necessidade. Desta forma, as maneiras de ultrapassar os riscos e obstáculos e de obter vantagem sobre a competição são de extrema importância.

Estando ainda por resolver a questão das patentes tecnológicas para as empresas chinesas, já se tornou clara a estratégia que empregam na expansão para o mercado global: o autoaperfeiçoamento e os recursos internacionais. Por um lado, a expansão contínua das sedes na China, uma frente interna estável, qualificações equivalentes às dos gigantes internacionais e o uso dos recursos e capitais disponíveis na aquisição de tecnologias patenteadas. Por outro lado, seguir o exemplo da Lenovo ou TCL nas suas estratégias de “backdoor listing” e criar uma frente “à prova de bala”. Embora a estratégia possa não surtir efeito, mais vale tentar prevenir do que remediar.

 

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