O Governo cabo-verdiano considera que o atentado ao filho do primeiro-ministro e o assassinato da mãe de uma inspetora da Polícia Judiciária (PJ) são ataques às instituições do Estado e à Segurança Nacional e merecem “respostas adequadas”.
O ministro da Defesa Nacional e dos Assuntos Parlamentares, Rui Semedo, aponta o padrão de criminalidade organizada com conexões transfronteiriças que carecem de níveis crescentes de articulação interna e internacional. “O assassinato, em setembro último, da mãe de uma agente da autoridade policial e, agora, o atentado à vida de um familiar de um titular de um órgão de soberania configuram-se como ataques às instituições do Estado Democrático e à Segurança Nacional”, conclui Rui Semedo.
“Esse padrão de criminalidade organizada e com conexões transfronteiriças, distingue-se, claramente, dos desafios de segurança e de ordem públicas exigindo, assim, respostas a níveis adequados”, prosseguiu o governante, afirmando que o Governo vai continuar a intensificar as respostas para o restabelecimento de níveis de tranquilidade e estabilidade no país.
Sem especificar quais as respostas àqueles atos, Rui Semedo recorda que a criminalidade organizada transfronteiriça foi considerada no Conceito de Estratégia de Segurança e Defesa Nacional como umas das principais ameaças e tem merecido um “combate efetivo” do sistema de segurança nacional.
“O Governo está determinado a prosseguir com firmeza e determinação esse combate, que também carece de níveis crescentes de articulação interna e internacional”, prosseguiu Rui Semedo.
“O Governo entende que vivemos, hoje, numa comunidade internacional de risco em que a articulação decidida da ação dos órgãos de soberania nacionais, mas também, a atitude firme dos cidadãos, é fundamental para fazer prevalecer o Estado de Direito e as regras do Direito Internacional”, continuou o ministro.
Em setembro último, Isabel Moreira, mãe de Cátia Tavares, inspetora da PJ que investiga o caso Lancha Voadora – relacionado com tráfico de droga -, foi assassinada a tiro por desconhecidos, incidente que as autoridades cabo-verdianas consideraram um “atentado ao Estado de Direito” e um “sinal claro do crime organizado contra o Estado”. Um mês depois, a PJ cabo-verdiana indicou ter abatido a tiro um suspeito de envolvimento no homicídio, identificado como José Lopes Cabral, conhecido por Zezito Denti d’Ouro (“Zezito Dente de Ouro”).
No passado dia 30 de dezembro, José Luís Neves, filho do primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, sofreu uma tentativa de assassínio, à porta da sua casa, num dos bairros da Cidade da Praia. O jovem de 36 anos, economista e ex-coordenador do Observatório do Emprego de Cabo Verde, terá sido atingido por quatro tiros e estilhaços na zona do abdómen e foi transportado para o hospital por vizinhos, que terão ouvido os tiros. O autor do crime ainda não foi identificado pelas autoridades policiais cabo-verdianas.
José Luís Neves foi submetido a uma intervenção cirúrgica e de acordo com a diretora clínica do Hospital Agostinho Neto, Maria do Céu Teixeira, não apresentou até agora nenhuma complicação, está clinicamente estável, consciente, fala e recebe visitas dos familiares.
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