Início Lusofonia “PARA QUE SERVE O CEPA NUMA CIDADE SEM MANUFACTURA?”

“PARA QUE SERVE O CEPA NUMA CIDADE SEM MANUFACTURA?”

 

Empresário sugere a criação de um mecanismo semelhante ao CEPA para os produtos portugueses, que isente ou reduza as taxas alfandegárias a pagar pela entrada destes na China via Macau.

 

Num mercado gigante e difícil de entrar como é o da China, quem tem olho é rei. Eduardo Ambrósio é um dos poucos empresários a exportar de Macau para o interior do país um produto da esfera lusófona a custo zero através do CEPA – Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre Macau e o interior da China.

“Para poder aproveitar o acordo CEPA, o produto precisa de ter pelo menos 30% de valor acrescentado em Macau”, revela o empresário ao Plataforma Macau durante a Feira Internacional de Macau.

É o que acontece no caso do café Chip Seng: Eduardo Ambrósio vai buscar o produto a Timor-Leste, mas a torrefação, a embalagem e o design são feitos em Macau.

“Que eu saiba apenas o meu produto [no âmbito dos produtos importados da Lusofonia] consegue sair de Macau e chegar ao interior da China sem pagar taxas através deste acordo”, revela.

Várias empresas lusófonas têm manifestado interesse em entrar no outro lado da fronteira através do CEPA ou de um acordo comercial semelhante que permita a redução ou isenção de taxas alfandegárias. “Seria interessante criar uma premissa que facilitasse a entrada dos produtos portugueses do outro lado através de Macau”, realça João Carlos Breda, responsável de vendas da empresa MPC.

“No caso dos vinhos, paga-se uma taxa de 48% para entrar na China”, justifica o empresário de Águeda, que trabalha na área da importação há 16 anos e que dá apoio à entrada de vinhos de pequenos e grandes produtores portugueses na China. “Temos um armazém em Guangzhou e os produtos entram diretamente na China através da alfândega, pagando as taxas normais”.

“Tudo seria facilitado se houvesse essa plataforma de entendimento de passar os produtos através de Macau”, realça.

Dez anos após a implementação do acordo CEPA, mais de um milhar de bens com origem no território consegue chegar ao outro lado com isenção de direitos aduaneiros. O acordo, assinado em 2003, prevê, além disso, a concessão de vistos individuais de viagem a residentes de 49 cidades de 21 províncias e municípios do interior da China e de facilidades de acesso ao mercado do interior da China por parte de prestadores de serviços do território.

“O impato na economia de Macau não tem sido grande, com exceção da política dos vistos individuais”, sublinha Stanley Au, Presidente da Associação das Pequenas e Médias Empresas. “Quem toma aqui as decisões é a China e Hong Kong”, nota. E conclui: “Para que serve o CEPA numa cidade sem manufatura?”

 

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