Mais de metade dos alunos estrangeiros que escolheram Portugal para estudar em 2013 vem de outros países lusófonos, com grande predomínio do Brasil, seguido por Angola e Cabo Verde.
Existe uma “enorme expressão dos estudantes dos países da CPLP e da União Europeia” (UE) entre os estrangeiros que estudam em Portugal, de acordo com o estudo “Uma estratégia para a internacionalização do ensino superior português”, que analisou o período entre 2001 e 2013 e concluiu que.
Juntas, CPLP e UE superam os 85 por cento do total dos alunos internacionais. Em 2013 estudavam nas instituições de ensino superior portuguesas 17.395 alunos oriundos dos oito membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP, desde julho com a Guiné Equatorial como nono membro, que ainda não entra nestas contas).
Esses 17.385 alunos representam 55,78 por cento do total dos cerca de 31 mil estrangeiros que estudam em Portugal. A UE, segunda geografia mais representativa, contava, no mesmo ano, com 9.503 estudantes, o equivalente a 30,47 por cento do total.
De acordo com o estudo, apresentado em setembro, no ano letivo de 2012/2013, o Brasil era o país de origem de quase nove mil dos alunos estrangeiros inscritos em instituições de ensino superior portuguesas, seguindo-se Angola e Cabo Verde (na ordem dos três mil cada).
O “numeroso contingente de estudantes brasileiros” tem crescido com acordos bilaterais, para doutoramentos e pós-graduações, formação de professores e reconhecimento académico das competências em engenharia e arquitetura, refere o estudo.
Porém, “o Brasil está a fazer um esforço muito grande para captar os estudantes africanos”, alerta o coordenador do estudo, João Guerreiro, em declarações à Lusa.
O ex-reitor da Universidade do Algarve sugere, por isso, que Portugal encontre “uma solução” para continuar a atrair estes quadros.
Até porque, destaca o estudo, sem os estudantes provenientes da CPLP, a presença de estudantes internacionais em Portugal “é relativamente baixa”, havendo “margem de progressão assinalável”.
A prevalência de estudantes provenientes das ex-colónias é comum a outros países colonizadores, como a França, confirmou João Guerreiro. Dos restantes países lusófonos, São Tomé e Príncipe surge em 8.º lugar, Moçambique em 10.º, Guiné-Bissau em 13.º e Timor-Leste em 19.º, na tabela das origens dos estudantes estrangeiros.
Porém, “Portugal tem que investir noutros espaços e não exclusivamente na lusofonia”, destaca João Guerreiro, referindo o aumento do interesse de alunos de regiões como Médio Oriente, Europa (fora da União Europeia), Ásia e Magrebe.
Portugal “tem a vantagem de ser uma porta de entrada na Europa e temos que valorizar isso”, sustenta.
Consoante as metodologias utilizadas, a percentagem de estudantes internacionais em Portugal varia entre os 3,4 por cento (dados da OCDE relativos a 2011) e os 8,1 por cento do total (dados da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, para ano letivo de 2012/2013).