Universidades em todos os 128 distritos e menor consumo de cerveja foram algumas das promessas mirambolantes dos três principais partidos moçambicanos
Moçambique pode vir a ter 128 novas universidades, medicamentos em todos os hospitais, vingança contra a pobreza e ainda mais emprego e menos cerveja – basta os três partidos dominantes cumprirem o prometido.
Ao longo de mais de 40 dias de campanha para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) de quarta-feira, os três candidatos à sucessão do Presidente Armando Guebuza percorreram um país com uma área de 800 mil quilómetros quadrados para chegar ao contacto com o máximo dos cerca de 10,8 milhões de eleitores recenseados, e tiveram de ser bem mais concretos do que as ideias genéricas dos seus manifestos eleitorais.
Em Alto Molócué, província da Zambézia, o candidato da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder), Filipe Nyusi, prometeu a construção de universidades em todos os 128 distritos, para formar milhares de jovens que irão assumir o papel de “generais” na luta contra a pobreza.
“Estou com muita raiva e quero desenvolver esta cidade para me vingar desse sofrimento”, declarou o mesmo Nyusi, na Beira, recordando a pobreza dos seus tempos de estudante na segunda maior cidade moçambicana.
Antigo quadro dos Caminhos de Ferro de Moçambique, o candidato da Frelimo garantiu aos eleitores de Marrupa, província de Niassa, a reconstrução da linha de comboio Cuamba-Lichinga, de cerca de 268 quilómetros, mas também dirigiu mensagens habitualmente ouvidas do lado da oposição.
Com Nyusi, haverá medidas contra o nepotismo, “que impede o desenvolvimento”, colocando pessoas “incompetentes” em cargos-chave, assegurou num encontro com estudantes em Maputo, e também contra “o abuso de poder por aqueles que pisam os seus subordinados, utilizando bens do Estado para fins pessoais”, prometeu em Chokwe, província de Gaza.
Pontes, estradas, hotéis e até agências bancárias – de tudo se faz a campanha. E também muita saúde, com Daviz Simango, líder do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) a garantir em Magude, província de Maputo que, se for eleito Presidente, todos os hospitais do país terão medicamentos e tratamentos adequados em todos os hospitais.
Simango falou abundantemente de descentralização e transparência do Estado, duas das suas bandeiras eleitorais, mas também da reforma do setor da Justiça e que implica a redução dos poderes presidenciais na nomeação de magistrados. Em Boane, também em Maputo, disse que vai simplificar os procedimentos burocráticos, aplicando, nos serviços públicos, “regras simples, claras e universais”.
Habitualmente associado ao eleitorado urbano e jovem, o líder da terceira força política percorreu as profundezas de Moçambique, tentando chegar ao eleitorado rural, que representa dois terços do eleitorado, e em Angónia, província de Tete, prometeu fomentar a agricultura mecanizada para reduzir o êxodo das regiões rurais para as cidades.
A Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) apostou forte no seu discurso de despartidarização do Estado e reconciliação, prometendo não se vingar dos funcionários públicos da Frelimo, mas focou-te também na “revolução dos sistemas de saúde e educação”.
Nos seus banhos de multidão, o líder do maior partido de oposição, Afonso Dhlakama garantiu que vai reforçar os orçamentos daqueles dois setores, enquanto o seu partido trabalha na expansão da educação gratuita até ao ensino básico e na transferência dos serviços de saúde prestados noutros países, como África do Sul, para Moçambique, para evitar deslocações de moçambicanos gravemente doentes.
Numa campanha personalizada em Dhlakama, “votar na Renamo é votar na solução de todos os problemas do povo moçambicano”, afirmou na província de Manica, incluindo uma juventude empregada e livre de excesso de cerveja, precisou no mercado de Xipamanine, em Maputo. “Se em cinco anos não fizer nada, mandem-me para o lixo.”
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