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MARÉ ALTA DE TROVOADA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

 

O partido do ex-primeiro-ministro vai ter maioria absoluta no parlamento e governar quatro das seis autarquias do país

 

A Comissão Eleitoral de São Tomé e Príncipe atribuiu, provisoriamente, a vitória nas eleições legislativas e municipais de domingo ao partido Ação Democrática Independente (ADI), de Patrice Trovoada, que conquistou 33 dos 55 assentos no parlamento são-tomense.

Segundo o presidente da Comissão Eleitoral Nacional são-tomense (CEN), Victor Correia, o ADI conquistou ainda quatro das seis câmaras municipais do país e tem um empate técnico na câmara de Lobata, onde obteve quatro vereadores contra outros quatro do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e um do Partido de Convergência Democrática (PCD).

A única câmara municipal conquistada pelo MLSTP-PSD foi a de Caué, no sul da ilha de São Tomé.

“É verdade que estes dados ainda são provisórios, mas duvido que eles sofram alterações”, sublinhou Victor Correia.

De acordo com os resultados eleitorais apresentados pelo presidente da CEN, o ADI conquistou 33 assentos parlamentares, o MLSTP-PSD 16 assentos, o PCD cinco e o partido União para Democracia e Desenvolvimento (UDD), do atual primeiro-ministro, Gabriel Costa, conquistou pela primeira vez um lugar na Assembleia Nacional são-tomense.

“Ficámos surpreendidos com a afluência às urnas, nunca assistimos a essa apetência das pessoas em querer votar”, disse o presidente da CEN, sublinhando que “pela primeira vez na história das eleições em São Tomé e Príncipe, o nível de abstenção ficou nos 24 por cento”.

Relativamente ao fenómeno ‘banho’ (compra de votos), o presidente da Comissão Eleitoral explicou que “se houve banho, esse banho foi muito disfarçado e aos poucos vamos tirar esse peso que tem caracterizado o nosso país, os processos eleitorais”.

Victor Correia anunciou que os tribunais já estão a trabalhar no apuramento definitivo dos resultados e que provavelmente dentro de uma semana os mesmos serão divulgados.

 

UDD CHEGOU AO PARLAMENTO

O presidente da União para Democracia e Desenvolvimento (UDD), do atual primeiro-ministro são-tomense Gabriel Costa, elegeu domingo, pela primeira vez, um deputado para a futura Assembleia Nacional.

Segundo os dados provisórios divulgados hoje pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN), a UDD conquistou, no distrito de Lembá, norte da ilha de São Tomé, um mandato no futuro parlamento.

“Numa altura em todos estão a descer, nós estamos a subir”, congratulou-se o presidente do partido.

Manuel Diogo referia-se às derrotas do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), que desceu de 21 para 16 deputados, do Partido de Convergência Democrática (PCD) que perdeu dois mandatos, baixando para cinco deputados e do Movimento Democrático Força de Mudança – Partido Liberal (MDFM-PL) que perdeu o único assento que tinha no hemiciclo.

O dirigente partidário felicitou o partido vencedor, Ação Democrática Independente (ADI) pelos resultados obtidos nestas eleições e desejou ver o seu país caminhar doravante “na estabilidade e no progresso”. “Nós primamos sempre pela paz, harmonia e concórdia e já ouvimos o líder da ADI falar da inclusão, da unidade de esforços e de vontades, o que nos alegra bastante, pois isso é um bom sinal”, salientou Manuel Diogo.

 

TROVOADA QUER ATRAIR EMPRESAS PORTUGUESAS

O futuro primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe revelou que pretende desenvolver com empresas portuguesas um “pacote suficientemente atrativo” de investimento e um nicho de exportação para o mercado doméstico, mas também para países vizinhos.

“Nós vamos desenvolver, provavelmente com Portugal, com quem temos laços culturais e históricos para as pequenas e médias empresas e isso tem mais a ver com o mercado doméstico e um nicho de exportação muito próximo de São Tomé e Príncipe como Gabão, Guiné Equatorial ou Angola”, disse Patrice Trovoada, em entrevista à agência Lusa, a primeira após a vitória do seu partido nas eleições de domingo.

Além deste setor, o líder da Ação Democrática Independente (ADI) referiu ainda o turismo e o facto de São Tomé e Príncipe ser um ponto de trânsito para o golfo da Guiné como áreas atrativas para o investimento externo.

“Nós estamos confiantes que conseguiremos atrair, não só pela posição geográfica, mas construindo uma estabilidade política, segurança e um país, também pela sua pequenez e a necessidade relativamente pouca de recursos, que poderá provavelmente ser atrativo do ponto de vista fiscal”, enumerou.

No entanto, Patrice Trovoada alertou que “não é em dois ou três meses que as pessoas acreditarão que desta vez a semente pegou”, referindo-se à instabilidade política do país.

“Temos de aceitar também que haja um período de observação por parte da comunidade empresarial e não só internacional”, disse.

Questionado sobre que medidas vai aplicar para tornar São Tomé e Príncipe num “pequeno Dubai de África”, o candidato eleito disse que pretende começar por “atacar o problema da pobreza extrema e sobretudo o problema do desemprego”, além de uma série de reformas a nível da função pública, do clima de negócios ou do sistema judiciário.

“Devemos também pensar em criar aquelas grandes infraestruturas que serão o suporte dessa visão de São Tomé e Príncipe como pequeno Dubai de África no sentido de ser uma plataforma de prestação de serviços no Golfo da Guiné”.

No entanto, alertou que este é um projeto que “demora algum tempo”, mas que é “uma visão relativamente consensual”.

Patrice Trovoada disse ainda que a maioria absoluta que povo deu ao seu partido nas eleições de domingo é “uma prova de confiança” que se mantém respondendo às preocupações primeiras da população, como o desemprego, mas defendeu que é preciso ao mesmo tempo “criar as condições de sustentação da economia a médio e longo prazo”.

Questionado sobre o combate ao desemprego, Patrice Trovoada considerou o tema como o principal objetivo do primeiro ano de mandato e referiu que “é preciso atrair investimento”, elegendo os setores das obras públicas e da pesca, nomeadamente semi-industrial, ou a agricultura para absorver mão-de-obra.

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