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PLANEAMENTO DIGITAL DO SORRISO

 

Fazer um plano para um novo sorriso em apenas 24 horas. Parece difícil de imaginar, mas não é. Novas tecnologias dentárias como o CAD/CAM permitem hoje desenhar e confecionar uma nova prótese dentária em pouco tempo. Em entrevista ao Plataforma Macau, o médico dentista, também licenciado em Medicina e com mestrado em Estética Dentária Luís Filipe Tomás explica que esta técnica já chegou à China continental. O preço e a falta de técnicos especializados para o trabalho manual no acabamento das próteses poderão ser apontadas como as principais dificuldades em trazer esta nova tecnologia para Macau.

 

PLATAFORMA MACAU Está a trabalhar em Macau há cerca de três anos. Que avaliação faz da tecnologia dentária utilizada no território?

LUÍS FILIPE TOMÁS   – A clínica onde trabalho, por exemplo, está bem equipada. Temos um aparelho que se chama cone-beam, que é uma tomografia computadorizada em 3D e que permite fazer, além disso, uma radiografia panorâmica e teleradiografias para estudos cefalométricos para diagnóstico e planeamento de ortodoncia, que são as correções dentárias.

Este aparelho possui a função 3D, ou seja, tem um software incorporado em que podemos observar posteriormente no computador as estruturas anatómicas. Podemos visualizar também em tamanho real, o que é muito importante em termos de planeamento e de forma a fazer o estudo para várias patologias e para a reabilitação do paciente. Com estes aparelhos também são emitidas menos quantidades de radiações quando se realizam os exames.

P.M. É uma técnica nova em Macau?

L.F.T.  – As técnicas 3D começaram primeiro nos outros ramos da medicina, depois começaram a ser transportadas para a área dentária. Este aparelho de que estou a falar poderá ultrapassar os 120 mil euros (162 mil dólares americanos). Mas já estão a ser desenvolvidas várias marcas, o que também vai permitir que o preço diminua. Em Macau, conheço algumas clínicas que têm este aparelho.

 

P.M. Qual é a grande vantagem?

L.F.T.  – Conseguimos visualizar em 3D, inclusivamente para diagnósticos de várias patologias e essencialmente para o planeamento e colocação de implantes ósseointegrados. Até para fazer uma cirurgia de um siso, por exemplo. Pelo que tenho observado, aqui na China há uma tendência para que os dentes sejam maiores em relação às estruturas ósseas maxilares.

P.M. Encontrou aqui uma anatomia dentária diferente?

L.F.T.  – Sim, em termos do tamanho dos dentes e do formato, principalmente ao nível dos sisos. Eles têm os sisos mais inclinados e inclusos do que a população caucasiana, inclusivamente com uma anatomia de raízes mais curvas.

É necessária uma cirurgia mais demorada e que requer mais cuidados e por isso justifica a aquisição deste aparelho. Para mim, a utilização da tomografia veio facilitar em muito o trabalho.

Na radiografia normal, as imagens são planas, só se consegue ver a largura e a altura, omitindo a profundidade. O 3D é um grande avanço porque permite ver as estruturas em três dimensões.

 

P.M. A nível de tecnologia dentária, o que está a faltar em Macau?

L.F.T. – Não existem laboratórios de prótese dentária. Mas também não se justificam porque existe tudo em Hong Kong. Tenho ido a feiras, como à de Cantão, e fiquei muito surpreendido com as tecnologias que já existem na China.

 

P.M. Como por exemplo?

L.F.T.  – Ao nível da prótese dentária existe a tecnologia CAD/CAM [Desenho assistido por computador/ Manufatura auxiliada por computador], uma técnica que também já apareceu no Brasil. O paciente vai à consulta e faz uma radiografia. Depois, existem programas de software, onde se faz uma programação com base numa estrutura estética facial que seja compatível com o sorriso do paciente.

Se o paciente se sentir confortável, então pode-se confecionar a prótese definitiva. Parece-me fabuloso porque a partir de uma fotografia podem-se fazer vários ensaios clínicos e transformar o sorriso do paciente. Este sistema é no fundo um planeamento digital do sorriso.

Existe a vantagem de não se ter de colocar aquelas massas de impressão no paciente, que muitas vezes provocam vómitos ou incómodos. Este é um grande avanço, porque além de ser uma técnica mais precisa, é mais rápida, tudo está programado em computador. Portanto, o profissional faz um scanner à boca, esta informação vai para um computador, que por sua vez envia para um laboratório via email. Depois, essa informação é dirigida para a máquina que confeciona a prótese. Teoricamente, em 24 horas tem tudo feito. Fazer uma coroa em CAD/CAM pode durar cerca de quatro ou cinco horas, é quase imediato.

Em Shenzhen, por exemplo, têm um laboratório com centenas de técnicos de prótese dentária. Este laboratório produz para o país e também para exportação.

 

P.M. E qual é a dificuldade de trazer um aparelho desses para Macau?

L.F.T. – É uma tecnologia dispendiosa e que depois necessita de técnicos especializados para o trabalho manual no acabamento das próteses.

P.M. Especializou-se em implantologia no Brasil. Por que razão optou por este país?

L.F.T. – Optei pelo Brasil porque considero que é um dos melhores nesta área e por ser muito evoluído cientifica e tecnicamente, proporcionado cursos de especialização com muitas horas de trabalho prático. Além disso, no Brasil, a população está muito motivada com este tipo de reabilitação oral. Não é por acaso que Professor Per-Ingvar Bränemark [investigador e cirurgião ortopédico sueco que inventou os implantes] vive no Brasil.

Foi aí que abriu um centro – o Instituto Bränemark Bauru – um espaço de investigação e de reabilitação oral e onde e os médicos que trabalham são voluntários. Aqui também são ministrados cursos de pós-graduação. Fiquei surpreendido  com a qualidade e o equipamento. Nesta área, o Brasil tem uma grande experiência.

Mas também, como disse, há uma outra motivação no país e aqui estamos a falar de uma questão cultural. Para já, houve campanhas do presidente Lula para pôr o chamado “sorriso Brasil”, o que acabou por ter um efeito fantástico.

Um sorriso é no fundo aquilo que vai na alma das pessoas e os brasileiros valorizam muito isso. Uma das primeiras coisas que a presidente Dilma Rousseff fez antes da campanha eleitoral foi fazer branqueamento dentário.

 

Catarina Domingues

 

 

veraviewepocs_3De_hrTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÓNICO (CONE-BEAM)

Método de diagnóstico por imagem que utiliza o raio-x e permite obter a reprodução de uma parte do corpo humano em 3D. Ao contrário das radiografias convencionais, que projectam num só plano a altura e a largura (2D), omitindo a visão em profundidade,  a tomografia computadorizada de feixe cónico evidencia as relações estruturais em profundidade, mostrando imagens em “fatias” (3D).

 

 

incise™ systemDESENHO ASSISTIDO POR COMPUTADOR/ MANUFATURA AUXILIADA POR COMPUTADOR (CAD/CAM)

O CAD é um conjunto de ferramentas informáticas de suporte para o desenho de peças em 3D, originalmente aplicado em engenharia. Nas restaurações e próteses dentárias, estas ferramentas aplicam-se ao desenho de modelos de próteses virtuais, substituindo os tradicionais moldes por um desenho digital com um controlo perfeito das dimensões e da estética.

O CAM consiste na produção física dos projetos criados pelo CAD. Em restaurações dentárias, aplica-se ao fabrico das próteses através de máquinas de fresagem, conseguindo assim uma grande precisão, funcionalidade e acabamento estético.

 

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