Assim dizia o nome daquela banca. Foram apenas uns segundos, os necessários para captar a imagem e, de repente, assustei-me com o som – altíssimo – que se escapuliu por entre aquelas grades.
Vivalma. Seria brincadeira ou aviso? Tudo acontece…
Os vidros traseiros dos chapas*, objectos quase-voadores que
transbordam de gentes e haveres – e aos quais acontecem os mais
aparatosos e mortais acidentes -, exibem mensagens que me fazem
pensar que, afinal, entre contradições
“No mundo não há pressa”
e dúbias certezas
“É só garantir a esperança”
(de quê, para quê?)
tudo acontece.
Mesmo assim, não sei.
E quando não sei tenho uma vontade infinita de perguntar às gentes
– pode ser que saibam. O que acontece, pelo menos isso. O que vai
acontecer é muito distante. E o porque acontece é como se fosse sagrado.
Só os mais-velhos têm voz nesse saber.
Mais-velhos, nesse dia, não os achei; mas os mais pequenos mostraram-me o que acontece. Não sei se é tudo mas, por agora, já chega.
* pequenas viaturas para transporte de passageiros, geralmente com lotação para 10 mas que levam 25 (ou mais, se couberem)
Ana Roque de Oliveira
Fotógrafa portuguesa residente em Tete, Moçambique