“Esta é uma área em constante evolução, pelo que é necessário que as instituições de ensino revejam os seus planos de formação – de forma regular – e os adaptem às novas exigências de mercado; e integrem as mais recentes tecnologias”, afirma ao PLATAFORMA Ivo Vital, tradutor e delegado para Macau da Associação Portuguesa de Tradutores.
Assim, é “necessário apoiar a formação contínua dos docentes e investir em equipamentos modernos de tradução”. O investimento em tecnologia e inovação poderia proporcionar às instituições de ensino as ferramentas necessárias para formar tradutores mais competentes, conclui.
“Os jovens tradutores devem dominar as línguas de trabalho e as competências interculturais, pois a tradução envolve mais do que a simples transposição de palavras; trata-se de transmitir mensagens com fidelidade e fluência. É essencial compreender a mensagem na sua língua fonte, dentro do seu contexto e registo de língua específico”, diz Vital.
É preciso um movimento associativo entre os profissionais da área para zelar pelos seus interesses e ajudar os jovens a integrar o mercado de tradução
Ivo Vital, delegado para Macau da Associação Portuguesa de Tradutores
Devido à lei que obriga à redação de documentos oficiais em Português – ou Chinês – acompanhada pela tradução na outra língua, existe ainda uma grande procura de tradutores qualificados, com o Governo a ser, obviamente, “o maior empregador”, nota Vital. “Macau apresenta vantagens porque dispõe de docentes altamente qualificados, recursos didáticos, e um ambiente cultural rico”, afirma ao PLATAFORMA Lurdes Escaleira, professora no Instituto Politécnico de Macau e fundadora da empresa de serviços linguísticos LITS. Acredita, por isso, ser preciso dar maior importância a experiências práticas, sugerindo que os alunos devem interagir mais com organismos públicos e participar em eventos como a MIF e a Festa da Lusofonia; fundamental para que os alunos possam aplicar as suas competências em contextos reais.
Vital, por sua vez, enfatiza que uma maior cooperação entre as instituições de ensino de Macau, Interior da China e Portugal, pode trazer benefícios significativos para os alunos, permitindo-lhes aceder a uma formação mais abrangente e diversificada.
Associação precisa-se
Ambos acreditam que um movimento associativo forte poderia unir profissionais e formadores, elevando a qualidade dos tradutores formados na RAEM. “É preciso um movimento associativo entre os profissionais da área para zelar pelos seus interesses e ajudar os jovens a integrar o mercado de tradução”, destaca Vital. Para Escaleira, a falta de regulamentação e apoio estruturado tem dificultado a capacidade de empresas com recursos mais especializados competirem em termos de preços; já que, muitas vezes, os clientes priorizam o custo em detrimento da qualidade.
Macau apresenta vantagens porque dispõe de docentes altamente qualificados, recursos didáticos, e de um ambiente cultural rico
Lurdes Escaleira, fundadora da LITS – serviços linguísticos
Uma associação poderia ajudar a unir profissionais e formadores, criando oportunidades para que “discutam em conjunto as suas práticas, dificuldades e oportunidades de desenvolvimento futuro”, explica Escaleira. “Temos os recursos linguísticos, culturais e institucionais necessários para formar quadros bilingues de qualidade; temos cursos de ensino superior que incluem programas de intercâmbio para instituições da China e de Portugal; e temos um corpo docente de excelência para formar a nova geração de tradutores e intérpretes”, conclui Vital.