Com esse objetivo em vista, a YF Capital – fundada por Jack Ma – estabeleceu, no fim do ano passado, a Bolsa Internacional de Emissões de Carbono de Macau, que, de acordo com o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam, será um “hub de ligação entre as normas chinesas e internacionais”.
No discurso inaugural da primeira edição do Fórum Global sobre o Desenvolvimento do Mercado de Créditos de Carbono, que abriu a edição deste ano da MIECF, Tam destacou que a RAEM está a alinhar-se com os objetivos nacionais, integrando o desenvolvimento sustentável como parte dos esforços para a diversificação da economia.
Macau deve reforçar os projetos de crédito de carbono de alta qualidade, apoiando os compromissos voluntários de redução de emissões das empresas e aumentando a transparência e a credibilidade do comércio global de carbono
He Kebin, diretor do Instituto de Investigação da Neutralidade do Carbono da Universidade de Tsinghua
Para Solheim, a Conferência Climática de Belém, programada para novembro deste ano, será uma oportunidade crucial para fortalecer essa estratégia e posicionamento de Macau enquanto plataforma estratégica no mercado de créditos de carbono.
He Kebin, diretor do Instituto de Investigação da Neutralidade do Carbono da Universidade de Tsinghua, em Pequim, acredita que Macau pode desempenhar três funções chave no futuro desenvolvimento das finanças verdes: reconhecimento mútuo dos mecanismos de crédito de carbono a nível nacional e internacional; alargamento dos canais de capital verde; e estabelecimento de uma plataforma internacional.
Durante o seu discurso no fórum, He Kebin disse ainda que “Macau deve reforçar os projetos de crédito de carbono de alta qualidade, apoiando os compromissos voluntários de redução de emissões das empresas e aumentando a transparência e a credibilidade do comércio global de carbono”.
A China está na vanguarda de qualquer tecnologia verde
Erik Solheim, ex-vice-Secretário-Geral da ONU e ex-diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Segundo um relatório publicado pela Bolsa Internacional de Emissões de Carbono de Macau, conhecida por MEX, a Ásia é agora o maior fornecedor global de créditos de carbono, representando 56,19 % do total, principalmente pela China (48,15%) e Índia (23,23%).
Ao PLATAFORMA, Solheim diz não haver “dúvida nenhuma de que a China está na vanguarda de qualquer tecnologia verde”, liderando globalmente em energia solar, hidroelétrica e veículos elétricos. Esta posição de liderança oferece oportunidades significativas para o resto do mundo, podendo também “beneficiar dos investimentos e do comércio de créditos de carbono”.
A MEX, que fornece contratos de créditos de carbono padronizados, além de soluções de comércio internacional para ativos de carbono e energia verde, pode ajudar a captar investimentos de empresas chinesas para emissões de créditos no estrangeiro, acredita Solheim.
Durante o Fórum, a MEX lançou, em colaboração com a Ant Digital Technologies e o DeepRock Group, um plano de ‘tokenização’ de ativos verdes, utilizando tecnologias como IoT, Blockchain e Inteligência Artificial, de modo a “garantir a rastreabilidade e evitar fraudes” no mercado de créditos de carbono.