Com o avanço tecnológico e o aumento da pressão académica, a miopia tornou-se um problema de saúde cada vez mais relevante entre crianças de todo o mundo. De acordo com o Relatório da Avaliação da Condição Física da População de Macau 2020, a taxa de miopia entre crianças e adolescentes (dos 6 aos 17 anos) aumenta com a idade, atingindo até 80% nos jovens de 17 anos. Embora a taxa de miopia entre as crianças de 6 anos tenha diminuído em relação a 2015, um número significativo de crianças continua a enfrentar problemas de saúde ocular.
A miopia é influenciada por fatores congénitos, mas também está diretamente ligada ao ambiente e aos hábitos adquiridos. Quando as crianças passam longos períodos a ler ou a focar-se em objetos muito próximos, submetendo os olhos a um esforço excessivo, e em condições inadequadas, como iluminação deficiente e postura incorreta, tornam-se mais propensas a desenvolver miopia ou outros problemas oculares ao longo do tempo.
Com o crescimento das aulas online e a crescente popularidade da leitura e escrita em dispositivos eletrónicos, crianças e adolescentes estão cada vez mais expostos a ecrãs. É importante destacar que, quanto mais cedo surge a miopia, mais rapidamente ela progride e maior é a probabilidade de evoluir para miopia grave, que aumenta o risco de problemas como cataratas, glaucoma e descolamento da retina em idades mais precoces.
A faixa etária entre os 0 e os 8 anos é um período crítico para o desenvolvimento do sistema visual da criança. Se os problemas forem detetados a tempo, há uma maior possibilidade de correção ou melhoria, minimizando o impacto na criança. No entanto, muitas doenças oculares comuns são difíceis de detetar apenas com a observação dos pais, tornando essencial a realização de exames médicos.
Para enfrentar os problemas da saúde ocular de crianças e adolescentes, as autoridades devem otimizar o mecanismo de rastreio visual infantil, alargando a sua cobertura à educação pré-escolar e disponibilizando exames optométricos regulares gratuitos. Isto permitiria a deteção precoce de condições como ambliopia, estrabismo, entre outros, garantindo uma intervenção atempada.
Além disso, recomenda-se que as instituições de saúde comunitárias passem a incluir serviços de optometria, oferecendo aos pais acesso facilitado a exames e promovendo uma maior consciencialização sobre a saúde ocular infantil.
Na era digital, as crianças e adolescentes têm cada vez mais contacto com dispositivos eletrónicos. O uso prolongado e em proximidade, aliado à falta de atividades ao ar livre, contribui para o aumento da incidência de miopia. Para reduzir esse risco, as autoridades devem incentivar as escolas a promover mais atividades ao ar livre, tanto dentro como fora do horário escolar, sensibilizando os alunos para os cuidados com a visão.
Paralelamente, é essencial reforçar a cooperação entre o Governo, as escolas e os pais. Podem ser desenvolvidas diretrizes para o uso de dispositivos eletrónicos, regulando o tempo de exposição a ecrãs nas aulas e introduzindo períodos obrigatórios de descanso visual durante os intervalos, incentivando os alunos a olhar para longe e relaxar os olhos.
Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau