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Venâncio Mondlane pede carros com cartazes abandonados nas ruas de Moçambique

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou hoje à população moçambicana para, durante três dias, começando quarta-feira, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.

“A partir das 8:00, em plena estrada, não nos passeios. Vamos usar as nossas estradas como parques de estacionamento, com os carros cheios de cartazes. Fechamos o carro, vamos andar a pé, até ao local de trabalho”, apelou Venâncio Mondlane, numa transmissão em direto na sua conta oficial na rede social Facebook.

“Deixa o carro no meio da estrada com os seus cartazes. Deixa o carro e vai trabalhar”, insistiu, sobre esta nova fase de contestação ao processo eleitoral envolvendo as eleições gerais de 9 de outubro.

À hora da saída da função pública, 15:30 locais, Venâncio Mondlane pediu para que a população volte a entoar o hino de Moçambique na rua, seguido do hino de África, por 30 minutos, antes de voltar aos carros e transportes.

“Para que o povo moçambicano seja ouvido e respeitado (…). Temos que fazer alguma coisa para que se ouça o grito dos moçambicanos”, afirmou Mondlane, reconhecendo os “sacrifícios” que estão a ser pedidos, nomeadamente aos empresários.

“Há guerras que têm de ser ganhas com muita paciência e sacrifício”, afirmou, numa intervenção feita poucos minutos depois de terminar, em Maputo, a reunião para analisar o momento de tensão pós-eleitoral entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e os restantes três candidatos presidenciais, sem a sua presença, o que levou à conclusão do encontro e a previsão de agendamento de nova reunião.

O apelo de Venâncio Mondlane para os próximos três dias é de colocar cartazes “em todas as viaturas, motorizadas, bicicletas e camisetas” com mensagens de reivindicação, e “buzinadelas” de “alegria” no regresso a casa.

“Aos entramos nas cidades amanhã, todas as cidades (…), todos os carros, têm que ter cartazes reivindicativos. De que não queremos mais mortos em Moçambique, queremos a verdade eleitoral, queremos os nossos votos, queremos que se indemnizem os nossos irmãos assassinados, queremos justiça em Moçambique”, apelou.

Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica a atualização feita sábado pela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.

Segundo o levantamento daquela plataforma de monitorização eleitoral, houve ainda pelo menos 1.326 detenções em Moçambique na sequência dos protestos de 21 outubro a 21 de novembro.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia – que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

O Presidente moçambicano disse anteriormente que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o caos e que “espalhar o medo pelas ruas” fragiliza o país.

“Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique (…). Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (…). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas”, disse Nyusi, numa mensagem à nação, na passada terça-feira.

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