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Organizadores de eventos lutam para sobreviver em novo ecossistema de negócios

Os contratos de concessão de jogo para os próximos dez anos atribuídos em dezembro 2022 incluiram vários requisitos com o propósito de diversificar a economia da cidade. Nestes os operadores de jogo são instados a apostar numa estratégia de desenvolvimento de elementos não relacionados com o jogo, com a área dos eventos em destaque. Antes das novas concessões, a principal função das concessionários incluía patrocinar financeiramente os eventos organizados pelo Governo de Macau. Com a nova política, tornam-se agora organizadores de muitos dos eventos que costumavam ser organizados pelo Governo. Esta mudança afeta, e muito, o ecossistema do mercado de eventos e as oportunidades das pequenas e médias empresas (PME), como relatam ao nosso jornal algumas empresas.

Victoria Man

Mais transparência e oportunidades

Sunny Chio é o fundador da produtora “Like Entertainments, Ltd”. O especialista em eventos descreve que antes da nova política, como os grandes eventos eram organizados pelo Governo, as PME eram contratadas por meio de concurso público. Como agora a grande maioria dos eventos passou a ser da responsabilidade das concessionárias, as PME carecem de direção. “Espero que as operadoras tenham como referência o modelo de atribuição do Governo – concurso público -, estabelecendo um departamento ou representantes que orientem as empresas no processo e normas para serem contratadas.”

Não obstante, Chio sublinha que a nova política beneficia a diversificação da economia de Macau. “Antes, quando o Governo era o líder dos grandes eventos naturalmente os elementos comerciais dos eventos não eram destacados. A nova política traz uma grande mudança na principal função dos eventos. Com os operadores, os mesmos eventos já têm uma grande componente comercial, nomeadamente, aproveitar os eventos para prolongar a estadia dos turistas, beneficiando hotéis, restaurantes e outras áreas”, diz ao PLATAFORMA.

Espero que as operadoras tenham como referência o modelo de atribuição do Governo – concurso público -, estabelecendo um departamento ou representantes que orientem as empresas no processo

Sunny Chio, fundador da produtora Like Entertainments, Ltd

Wini Cheong, fundadora da empresa de eventos Pioneer Marketing & Event Planning Co.Ltd, acredita que a nova política cria menos oportunidades para organizadores de eventos. Quem mais beneficia deste novo ciclo são as empresas que fornecem espaços ou equipamentos para a realização dos eventos. “Como as operadoras têm tantos departamentos e talentos nas áreas de entretenimento e eventos, não há necessidade de contratar organizadores de eventos externos”, explica Wini. Sunny concorda com este ponto de vista: “As concessionárias são capazes de oferecer altos salários e ter mais projetos que atraem talentos, por isso, nós PME não temos como competir na atração destes profissionais”.

Expandir o negócio

Enfrentando as dificuldades e a passividade na área, Sunny e Wini consideram a diversificação do negócio é essencial para as PME. Os negócios atuais da empresa de Sunny Chio incluem projetos governamentais, produção de serviços e eventos comerciais. Segundo Sunny, o lucro obtido nas três áreas é semelhante, mas as duas primeiras são mais passivas, ou seja, dependem dos clientes, enquanto que a última é mais sustentável. “Devido à falta de clientes durante a pandemia, passámos a investir em eventos comerciais da nossa propriedade intelectual. A principal receita dos eventos comerciais é a entrada, o que para mim é mais fácil de controlar e é mais sustentável”, revela ao PLATAFORMA.

Wini também teve de expandir expandir as suas operações últimos anos, para se manter como opção viável num mercado extremamente ágil e competitivo. “Comecei o meu negócio com eventos de casamento, expandi-o para serviços de relações públicas, marketing e eventos comerciais nos últimos anos. Acho que assim é sempre sustentável, porque o rendimento do nosso negócio nunca depende apenas de grandes patrocinadores ou grandes projetos. Quando o serviço é diversificado e de alta qualidade, há sempre potenciais clientes”, considera.

Durante a pandemia, o custo de organização dos eventos era menor. Os locais para eventos e restaurantes tinham maior disponibilidade

Winni Cheong, fundadora da empresa de eventos Pioneer Marketing & Event Planning Co.Ltd

Desde o ano passado, Wini tem-se concentrado mais na produção de eventos comerciais com empresas internacionais. “Espero poder trazer eventos de alta qualidade para Macau, e assim atrair a atenção dos operadores e do Governo para colaborar no futuro”, sublinha. Este ano, já expandiu o seu negócio de eventos de Macau para Hong Kong. Segundo a empresária, Hong Kong é um grande mercado para potenciais eventos, com uma vantagem geográfica para as empresas de Macau.

Concorrência aperta

Segundo Sunny, com a experiência de outros mercados como Hong Kong e Taiwan, os eventos comerciais, nomeadamente concertos e festivais, etc, são mais sustentáveis e têm mais formas de contribuir para o turismo e para a economia diversificada. Contudo, a concorrência tambémaumentou. “Durante a pandemia, os residentes ficavam sempre em Macau por causa das restrições fronteiriças, e as concessionárias e grandes empresas suspenderam a organização de eventos devido à incerteza do mercado. Nessa altura, como havia muita procura e menos concorrência, o nosso negócio de eventos comerciais estava melhor,” diz Wini.

“No entanto, no pós-pandemia, há muito mais eventos no mercado, principalmente os de grande dimensão ou internacionais organizados, que são organizados pelas concessionárias e pelo Governo. Ao mesmo tempo, muitos residentes gostam de passar férias e fins-de-semana na China, beneficiando do esquema de Circulação de Veículos de Macau na Província de Guangdong. Demasiadas opções e menos residentes são os desafios atuais que as PME enfrentam.”

Para Wini, além da nova política, o pós-pandemia também apresenta outros desafios. “Durante a pandemia, o custo de organização dos eventos era menor. Os locais para eventos e restaurantes tinham maior disponibilidade. Nessa época, organizámos um evento de yoga num barco. O evento fazia parte do incentivo da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), e foi muito popular. Infelizmente, depois da pandemia, com muitos turistas a regressar a Macau, já está mais difícil alugar este barco”, salienta.

Qualidade sobe

Antes da pandemia, sendo os recursos de Macau muito ricos, o ecossistema do mercado de eventos era menos competitivo, pois era principalmente dependente do Governo e de patrocinadores como as concessionárias e os promotores de jogo. Hoje, como há um novo ecossistema e mais concorrentes, incluindo as concessionárias, os eventos já não podem depender de patrocínios. Os eventos comerciais tornaram-se essenciais em Macau, e por isso, precisam de ter mais qualidade para atrair pessoas. “Os eventos precisam de boa reputação e taxa de inscrição para sobreviver num mercado tão competitivo. Não pode faltar qualidade”, reforça Sunny.

Wini frisa que a própria concorrência também a obriga a melhorar o seu serviço. “Depois da pandemia, há muito mais concertos e eventos internacionais em Macau, todos muito populares. Nós, como PME, temos mais oportunidades de participar e aprender com esses projetos. Por outro lado, também criamos eventos comerciais criativos e colaboramos com organizações internacionais, pelo que a qualidade geral dos eventos em Macau está desenvolver-se rapidamente.”
No fim, é consensual: “As PME enfrentam mais desafios, mas a qualidade dos eventos em Macau tornou-se melhor”.

Este artigo está disponível em: 繁體中文

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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