Mais transparência e oportunidades
Sunny Chio é o fundador da produtora “Like Entertainments, Ltd”. O especialista em eventos descreve que antes da nova política, como os grandes eventos eram organizados pelo Governo, as PME eram contratadas por meio de concurso público. Como agora a grande maioria dos eventos passou a ser da responsabilidade das concessionárias, as PME carecem de direção. “Espero que as operadoras tenham como referência o modelo de atribuição do Governo – concurso público -, estabelecendo um departamento ou representantes que orientem as empresas no processo e normas para serem contratadas.”
Não obstante, Chio sublinha que a nova política beneficia a diversificação da economia de Macau. “Antes, quando o Governo era o líder dos grandes eventos naturalmente os elementos comerciais dos eventos não eram destacados. A nova política traz uma grande mudança na principal função dos eventos. Com os operadores, os mesmos eventos já têm uma grande componente comercial, nomeadamente, aproveitar os eventos para prolongar a estadia dos turistas, beneficiando hotéis, restaurantes e outras áreas”, diz ao PLATAFORMA.
Espero que as operadoras tenham como referência o modelo de atribuição do Governo – concurso público -, estabelecendo um departamento ou representantes que orientem as empresas no processo
Sunny Chio, fundador da produtora Like Entertainments, Ltd
Wini Cheong, fundadora da empresa de eventos Pioneer Marketing & Event Planning Co.Ltd, acredita que a nova política cria menos oportunidades para organizadores de eventos. Quem mais beneficia deste novo ciclo são as empresas que fornecem espaços ou equipamentos para a realização dos eventos. “Como as operadoras têm tantos departamentos e talentos nas áreas de entretenimento e eventos, não há necessidade de contratar organizadores de eventos externos”, explica Wini. Sunny concorda com este ponto de vista: “As concessionárias são capazes de oferecer altos salários e ter mais projetos que atraem talentos, por isso, nós PME não temos como competir na atração destes profissionais”.
Expandir o negócio
Enfrentando as dificuldades e a passividade na área, Sunny e Wini consideram a diversificação do negócio é essencial para as PME. Os negócios atuais da empresa de Sunny Chio incluem projetos governamentais, produção de serviços e eventos comerciais. Segundo Sunny, o lucro obtido nas três áreas é semelhante, mas as duas primeiras são mais passivas, ou seja, dependem dos clientes, enquanto que a última é mais sustentável. “Devido à falta de clientes durante a pandemia, passámos a investir em eventos comerciais da nossa propriedade intelectual. A principal receita dos eventos comerciais é a entrada, o que para mim é mais fácil de controlar e é mais sustentável”, revela ao PLATAFORMA.
Wini também teve de expandir expandir as suas operações últimos anos, para se manter como opção viável num mercado extremamente ágil e competitivo. “Comecei o meu negócio com eventos de casamento, expandi-o para serviços de relações públicas, marketing e eventos comerciais nos últimos anos. Acho que assim é sempre sustentável, porque o rendimento do nosso negócio nunca depende apenas de grandes patrocinadores ou grandes projetos. Quando o serviço é diversificado e de alta qualidade, há sempre potenciais clientes”, considera.
Durante a pandemia, o custo de organização dos eventos era menor. Os locais para eventos e restaurantes tinham maior disponibilidade
Winni Cheong, fundadora da empresa de eventos Pioneer Marketing & Event Planning Co.Ltd
Desde o ano passado, Wini tem-se concentrado mais na produção de eventos comerciais com empresas internacionais. “Espero poder trazer eventos de alta qualidade para Macau, e assim atrair a atenção dos operadores e do Governo para colaborar no futuro”, sublinha. Este ano, já expandiu o seu negócio de eventos de Macau para Hong Kong. Segundo a empresária, Hong Kong é um grande mercado para potenciais eventos, com uma vantagem geográfica para as empresas de Macau.
Concorrência aperta
Segundo Sunny, com a experiência de outros mercados como Hong Kong e Taiwan, os eventos comerciais, nomeadamente concertos e festivais, etc, são mais sustentáveis e têm mais formas de contribuir para o turismo e para a economia diversificada. Contudo, a concorrência tambémaumentou. “Durante a pandemia, os residentes ficavam sempre em Macau por causa das restrições fronteiriças, e as concessionárias e grandes empresas suspenderam a organização de eventos devido à incerteza do mercado. Nessa altura, como havia muita procura e menos concorrência, o nosso negócio de eventos comerciais estava melhor,” diz Wini.
“No entanto, no pós-pandemia, há muito mais eventos no mercado, principalmente os de grande dimensão ou internacionais organizados, que são organizados pelas concessionárias e pelo Governo. Ao mesmo tempo, muitos residentes gostam de passar férias e fins-de-semana na China, beneficiando do esquema de Circulação de Veículos de Macau na Província de Guangdong. Demasiadas opções e menos residentes são os desafios atuais que as PME enfrentam.”
Para Wini, além da nova política, o pós-pandemia também apresenta outros desafios. “Durante a pandemia, o custo de organização dos eventos era menor. Os locais para eventos e restaurantes tinham maior disponibilidade. Nessa época, organizámos um evento de yoga num barco. O evento fazia parte do incentivo da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), e foi muito popular. Infelizmente, depois da pandemia, com muitos turistas a regressar a Macau, já está mais difícil alugar este barco”, salienta.
Qualidade sobe
Antes da pandemia, sendo os recursos de Macau muito ricos, o ecossistema do mercado de eventos era menos competitivo, pois era principalmente dependente do Governo e de patrocinadores como as concessionárias e os promotores de jogo. Hoje, como há um novo ecossistema e mais concorrentes, incluindo as concessionárias, os eventos já não podem depender de patrocínios. Os eventos comerciais tornaram-se essenciais em Macau, e por isso, precisam de ter mais qualidade para atrair pessoas. “Os eventos precisam de boa reputação e taxa de inscrição para sobreviver num mercado tão competitivo. Não pode faltar qualidade”, reforça Sunny.
Wini frisa que a própria concorrência também a obriga a melhorar o seu serviço. “Depois da pandemia, há muito mais concertos e eventos internacionais em Macau, todos muito populares. Nós, como PME, temos mais oportunidades de participar e aprender com esses projetos. Por outro lado, também criamos eventos comerciais criativos e colaboramos com organizações internacionais, pelo que a qualidade geral dos eventos em Macau está desenvolver-se rapidamente.”
No fim, é consensual: “As PME enfrentam mais desafios, mas a qualidade dos eventos em Macau tornou-se melhor”.
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