Ao fim de três anos, o vírus SARS-CoV-2 está a permitir uma vivência mais controlada. A OMS já assumiu que esta é a fase em que mais perto estamos do fim da “pandemia”. O epidemiologista Manuel Carmo Gomes diz que o contexto atual reúne condições para que seja assim.
Foi a 30 de janeiro de 2020 que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, em Genebra, que o surto do novo coronavírus (SARS-COV-2) constituía uma ameaça mundial, tendo acionado o Estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Na altura, além da China, onde o vírus foi identificado oficialmente no final de 2019, havia mais 19 países, com transmissão entre humanos, como Alemanha, Itália, Japão, e Estados Unidos da América. Em Portugal, os primeiros casos foram diagnosticados a 2 de março e, a partir daqui, nem nós nem o resto mundo deixou de viver sob a ameaça da doença provocada pelo novo vírus, a covid-19, ainda hoje é assim.
No entanto, ao fim de três anos, pode dizer-se que “vivemos num contexto relativamente tranquilo e controlado, mas não livres do vírus”, comenta ao DN o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que liderou desde o início da pandemia a equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que fez sempre a modelação da evolução da doença. Acrescentando: “Sobre o que vai acontecer, não há certezas absolutas, mas o que se espera que venha a acontecer – atendendo às características das subvariantes da Ómicron que estão a circular, sobretudo no Ocidente, onde a evolução destas tem sido gradual e sempre na tentativa de fugir aos nossos anticorpos e reinfetando-nos – é que haja uma sazonalidade do vírus mais marcada.” Neste sentido, argumenta o epidemiologista, “a partir do momento que a comunidade científica começa a ter alguma capacidade de prever o comportamento do vírus, e com alguma segurança, já não se justifica o Estado de Emergência a nível mundial, porque este é um alerta para situações inesperadas, e sem meios para fazer face”, que foi o que aconteceu quando decretado.
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