Angola surge em nono lugar na lista dos principais destinos de emigração dos portugueses e é o único país não europeu do “top 10”, segundo o Relatório da Emigração 2021, hoje divulgado.
Os últimos dados disponíveis no caso de Angola remontam a 2019 e apontam para 1.708 entradas nesse ano, menos 202 pessoas do que 2018, quando 1.910 portugueses escolheram o país lusófono como o seu destino, tendo em conta os vistos concedidos.
O valor corresponde à soma dos vistos emitidos pelos consulados de Angola no Porto e em Lisboa: privilegiado, trabalho (o mais comum), trabalho por protocolo, fixação de residência e outros (estudo e permanência temporária), mas está subestimado pois não contempla os dados do consulado de Angola em Faro.
O relatório destaca que a emigração portuguesa para Angola desceu significativamente desde 2015: menos 42% em 2016, menos 24% em 2017, menos 36% em 2018 e menos 11% em 2019.
“Os efeitos recessivos da crise dos preços do petróleo e suas consequências sobre os setores do mercado de trabalho para onde se dirigia a emigração portuguesa” são as principais causas apontadas no documento, e que “terão feito sentir-se em pleno a partir de 2016”.
O ano de 2009 foi aquele em que mais portugueses chegaram a Angola, num total de 23.787.
No entanto, estes valores de 2009 não são diretamente comparáveis aos de 2012 a 2018 devido a mudanças na tipologia dos vistos e à inclusão de vistos emitidos pelo Serviço de Migração e Estrangeiros angolano (além dos emitidos pelos consulados de Angola em Portugal), refere o estudo.
Em 2021, estavam inscritos, nos consulados portugueses em Angola, 127.366 pessoas nascidas em Portugal, fazendo do país africano o 11.º do mundo com mais cidadãos nacionais, logo a seguir ao Luxemburgo, numa tabela encimada pela França.
Angola surge também na lista dos 10 países com o maior volume de transferências monetárias para Portugal, ocupando a quarta posição, com 251,82 milhões de euros, depois da Suíça, França e Reino Unido.
De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal, em 2021, o valor total recebido de remessas de emigrantes foi de 3.677,76 milhões de euros, correspondente a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Em 2021, foram recebidos na Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas 71 pedidos de informação de portugueses que pretendiam trabalhar no estrangeiro, sobre 18 países de quatro continentes, dos quais apenas dois eram relativos a Angola.
Neste caso, estavam relacionados com situações de exploração laboral/incumprimento contratual (um total de nove entre os 71 pedidos de informação).
O Relatório da Emigração 2021, que será hoje apresentado no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, foi elaborado pelo Observatório da Emigração, um centro de investigação do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa.
*Com Lusa