O brasileiro Jarbas Barbosa da Silva Jr. foi eleito nesta quarta-feira (28) diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para um mandato de cinco anos, durante a 30ª Conferência Sanitária Pan-Americana, celebrada em Washington, D.C. e transmitida ao vivo
Esse escritório regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS) é encarregado de promover políticas de saúde para a região e ganhou relevância no combate à pandemia de Covid-19.
O combate à pandemia e, mais recentemente, à varíola dos macacos são duas prioridades da Opas, a qual estima que a região perdeu 2,9 anos de expectativa de vida desde 2019 devido ao impacto da Covid-19, segundo a 30ª Conferência Sanitária Pan-Americana .
Médico sanitarista e epidemiologista, Barbosa conhece bem a organização, da qual é vice-diretor e na qual ocupou outros cargos no passado. Especialista em saúde pública, também trabalhou no Ministério da Saúde brasileiro como diretor do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), e foi diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por 21 votos a 16, Barbosa foi eleito na quarta rodada de uma votação secreta frente ao panamenho Camilo Alleyne, depois que nenhum dos dois obteve a maioria de 20 votos necessários na terceira votação.
Nas duas primeiras rodadas foram eliminados os outros três candidatos: a haitiana Florence Duperval Guillaume, a mexicana Nadine Flora Gasman Zylbermann e o uruguaio Daniel Salinas. Inicialmente, também estava na disputa o colombiano Fernando Ruiz Gómez, mas o governo do presidente Gustavo Petro retirou-lhe o apoio.
Barbosa assumirá o cargo em 1º de fevereiro de 2023, substituindo Carissa F. Etienne, da Dominica, que deixará o posto após dois mandatos, marcados, nos últimos anos, pelo enfrentamento da pandemia da covid-19.
“Não é fácil seguir a liderança da doutora Etienne, mas estou, sim, convencido de que, com o mesmo compromisso que nós temos de fortalecer a qualidade de vida e a saúde, poderemos trabalhar de forma conjunta”, afirmou Barbosa após a sua eleição.
“Muito orgulhoso e contente”, ele se comprometeu a dar continuidade aos valores que forjaram a organização, como “a solidariedade”, e a conseguir que todos os países trabalhem de forma “coordenada para que se possa melhorar a qualidade de vida e a saúde na região”.
Momento crítico
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que assistiu à votação, lembrou a Barbosa que ele “assume o cargo em um momento crítico, à medida que se busca acabar com a pandemia e fazer com que se possam cumprir as metas e objetivos de desenvolvimento sustentável”.
Muitos desafios ligados à saúde aguardam Barbosa, como o envelhecimento, a resistência aos antimicrobianos, a dengue, diabetes, doença de Chagas, câncer, malária e saúde mental, listou Ghebreyesus.
Carissa Etienne, por sua vez, prometeu “um processo de transição frutífero” e afirmou que seu sucessor “tem a experiência e o conhecimento técnico para assumir as rédeas”.
O Brasil, em nome do país e da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador e Peru, apresentou um projeto de resolução para declarar a doutora Etienne diretora emérita do escritório de saúde pan-americano quando se aposentar, que foi aprovado por aclamação.
A Opas, que completa 120 anos em 2022, tem 35 países-membros, que se estendem do Ártico à Terra do Fogo, e três Estados participantes: França, Holanda e Reino Unido.
Foi fundada em 1902 como Escritório Sanitário Internacional para fazer frente à propagação de doenças infecciosas em uma época de rápida expansão do transporte marítimo. Em 1923, passou a se chamar Escritório Sanitário Pan-americano e, posteriormente, em 1958, Organização Pan-Americana da Saúde.
A Opas é tanto o escritório regional para as Américas da OMS quanto o órgão especializado em saúde do Sistema Interamericano.