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Irão reconhece novos avanços técnicos no enriquecimento de urânio

Lusa

O Irão anunciou ontem novos avanços técnicos no enriquecimento de urânio, continuando a intensificar o seu programa nuclear, enquanto continuam suspensas as negociações para recuperar o acordo internacional de 2015

De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a República Islâmica começou a “alimentar a cascata de centrífugas” na central de Fordo, que tinha sido recentemente modificada para obter maior eficácia.

Essa melhoria técnica permite “mudar a configuração da cascata com mais facilidade” e passar rapidamente de um nível de enriquecimento para outro, tinha explicado a AIEA, num relatório divulgado no passado mês de maio.

A central de Fordo está localizada nas profundezas das montanhas, cerca de 180 quilómetros a sul de Teerão.

Hoje, o Irão reconheceu que produziu urânio enriquecido a 20%, pela primeira vez, através desse dispositivo, segundo Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atómica (AEOI).

Este é “o último passo técnico” de um processo já anunciado na AIEA em junho, acrescentou o responsável na televisão estatal iraniana IRIB, acusando os meios de comunicação internacionais de “amplificarem” e instrumentalizarem essa informação.

O primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, reagiu de imediato, pedindo uma “resposta clara da comunidade internacional” e “sanções máximas” contra Teerão, perante as novidades confirmadas pela AIEA, que é responsável por monitorizar a implementação dos compromissos assumidos pelo Irão no acordo internacional assinado em 2015.

Com a retirada unilateral dos EUA desse acordo, em 2018, Teerão sentiu-se com legitimidade para negligenciar as suas obrigações, iniciando uma trajetória de aumento de intensidade do urânio enriquecido produzido, que vários países, incluindo os EUA e Israel, dizem destinar-se a produzir uma bomba atómica.

As negociações para recuperar o tratado internacional de 2015 estão suspensas desde a primavera de 2020, ao mesmo tempo que a AIEA se queixa de que Teerão não tem permitido condições para realizar as suas tarefas de monitorização da atividade nas centrais nucleares.

A agência já anunciou que deixará de poder fornecer as informações necessárias para monitorizar o programa nuclear iraniano, se não houver em breve uma alteração da postura de Teerão.

Este vai ser um dos temas centrais da visita do Presidente norte-americano, Joe Biden, ao Médio Oriente, que se iniciará na próxima quarta-feira, com uma visita a Israel e, posteriormente, a Jeddah, na Arábia Saudita.

“O meu Governo continuará a aumentar a pressão diplomática e económica até que o Irão esteja pronto a voltar a cumprir o acordo nuclear”, escreveu Biden, num artigo publicado no sábado no jornal Washington Post.

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