Especialistas médicos finlandeses acreditam que o vírus SARS-CoV-2, que causa COVID-19, pode nunca se tornar uma gripe sazonal comum, informou o jornal Ilta-Sanomat de Helsinque na quarta-feira.
O jornal citou Ilkka Julkunen, professor de virologia da Universidade de Turku, dizendo que o SARS-CoV-2 difere claramente de outros coronavírus sazonais que causam a gripe.
“Acho improvável que o vírus mude tão drasticamente. Não vejo o coronavírus ficando menos perigoso por pelo menos alguns anos”, disse ele.
Embora a variante do coronavírus Ômicron seja amplamente considerada menos propensa a causar doenças graves e exigir tratamento hospitalar, Julkunen e Olli Vapalahti, professorES de virologia zoonótica da Universidade de Helsinque, concordam que a Ômicron não é inofensiva.
Na Finlândia, por exemplo, mais pessoas morreram de Ômicron do que de todas as variantes anteriores do coronavírus somadas, de acordo com Julkunen.
Antes de novembro de 2021, quando a variante Ômicron começou a aumentar, cerca de 1.200 pessoas morreram de COVID-19 na Finlândia. O atual número de mortes por coronavírus no país ultrapassa 3.000.
De acordo com Vapalahti, é enganoso descrever a Ômicron como uma variante menos grave. O vírus pode causar sintomas mais leves em uma população cujo nível de imunidade é mais alto devido a vacinas ou infecções anteriores.
O número de pacientes com CCOVID-19 que precisam de tratamento hospitalar na Finlândia aumentou gradualmente para níveis recordes à medida que a proteção imunológica fornecida por duas ou três doses de vacina enfraquece.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou no final de janeiro que a próxima variante do SARS-CoV-2 poderia ser ainda mais contagiosa que a Ômicron.
Desde o início deste ano, um número crescente de cientistas em todo o mundo disse que o vírus SARS-CoV-2 pode nunca se tornar uma gripe sazonal comum, mas provavelmente continuará como uma doença que causa sintomas graves e mortes, especialmente entre os idosos.
Julkunen explicou que o vírus está se transformando em novas variantes o tempo todo, cada uma se tornando mais contagiosa que a anterior.
Dois vírus diferentes podem fazer novas combinações na mesma célula, observou Vapalahti, lembrando que o vírus ainda tem muito poder.
“Os recombinantes também podem ocorrer quando dois vírus diferentes acabam na mesma célula. A troca de genes pode ocorrer, criando novas variantes. Já há evidências disso entre a Delta e a Ômicron e as duas variantes da Ômicron na Finlândia”, disse Vapalahti.
Ainda assim, altos níveis de imunidade de vacinas ou infecções anteriores reduzem o risco de resultados graves de COVID-19, enfatizaram os professores.