O PROGRAMA ENGLOBA 21 HECTARES DE TERRENOS EM VILA NOVA DE GAIA, QUE SERÃO TRANSFORMADOS NUMA ZONA QUE SE ASSEMELHA AO SILICON VALLEY. A GOOGLE E A SAMSUNG ESTÃO EM NEGOCIAÇÕES AVANÇADAS PARA OCUPAREM O ESPAÇO E FAZEM PARTE DE UMA LISTA ONDE EXISTEM VÁRIOS ‘GIGANTES’ INTERESSADOS. O PRESIDENTE DO MUNICÍPIO REFERIU QUE ESTE É O “MAIOR PROJETO DE INVESTIMENTO PARA UM CAMPUS TECNOLÓGICO NO NORTE DO PAÍS”.
A GCMP – Gestão de Capital & Management pretende canalizar 700 milhões de euros num “tech hub” de inovação e empreendedorismo em Vila Nova de Gaia, adiantou o Jornal de Negócios. A Gaia Innovation City, nome da empresa-veículo constituída pela GCMP que irá conduzir o investimento na cidade vizinha do Porto, já firmou, por oito milhões de euros, 20,8 hectares em terrenos “que estão atualmente ocupados pelo Parque de Campismo da Madalena”.
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Segundo o jornal português, fonte conhecedora do processo garantiu que, “nos próximos cinco anos”, prazo previsto para a conclusão do empreendimento, “o investimento deverá ultrapassar os mil milhões de euros”. Os detentores do capital do grupo, em parte igual, “são três empresários de São Paulo”, sendo que o Negócios identificou André Joaquim de Carvalho e Francisco António Caminha Almeida. O projeto pretende assemelhar-se ao Silicon Valley, localizado no estado da Califórnia nos Estados Unidos da América, através de uma “estrutura completa direcionada para a tecnologia e educação”.
Assim, será aglutinado o mundo académico ao profissional com “dimensão para atrair insígnias de magnitude capazes de criar um ecossistema com capacidade de competir a nível mundial”, segundo o mesmo jornal.
A Gaia Innovation City estima reunir uma população estudantil de cerca de “oito mil estudantes e 1.500 professores” no seu programa de atividades, capaz de gerar “15 mil empregos diretos com equipamentos de ensino, empresas e inovação e tecnologia, hotel, área de retalho e serviços de gestão patrimonial da infraestrutura”. O projeto em Gaia parece ter já captado o interesse da Google e da Samsung.
As duas empresas apresentaram cartas de intenção, estando o procedimento numa “fase muito avançada”, segundo referiu a mesma fonte ao Negócios. Além destas multinacionais, a Amazon, o Facebook, a Tesla, a Apple, a IBM, a Microsoft e a Netflix estão entre “as potenciais candidatas a ocupar este espaço”.
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Cartas de intenções foram também acordadas com a Babson College, uma universidade localizada em Boston, no estado de Massachusetts, que no ano passado recebeu doações no valor de 701,5 milhões de dólares americanos e anualmente integra três mil alunos, bem como a Singularity University – uma comunidade global que visa capacitar e inspirar líderes a aplicarem tecnologias exponenciais na resolução dos grandes desafios da humanidade. A mesma fonte referiu que a fase inicial do processo contempla uma “área de construção de 166,4 mil metros quadrados, devendo mais tarde chegar aos 250 mil metros quadrados”.
O projeto irá discriminar a área por “diferentes usos”, sendo que 35 por cento serão escritórios, 20 por cento serão destinados a equipamentos residenciais para estudantes, 14 por cento serão para equipamentos de educação e centros de investigação e saúde, 13 por cento de habitação para professores e executivos, 11 por cento para hotel e centro de congressos e 7 por cento referentes a unidades comerciais.
A venda do espaço por um fundo da Caixa Geral de Depósitos à Gaia Innovation City “não carece de qualquer aprovação da autarquia”, mas entende-se que “a câmara se deve pronunciar”. Eduardo Vieira Rodrigues, presidente da câmara de Gaia, salientou que “a aprovação está assegurada”. Em declarações ao diário português, o mesmo responsável referiu também que a iniciativa se trata do “maior projeto de investimento para um campus tecnológico no Norte do país”, sendo “fundamental” para a cidade e região, evitando também a “especulação imobiliária nesta zona”.
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O líder do município considera a ideia um “primeiro passo” para tornar Vila Nova de Gaia uma “cidade tecnológica com indústrias e serviços de vanguarda e líder no âmbito dos ‘tech hub’”, dando como exemplo bem-sucedido o Taguspark, em Oeiras. Desta forma, acredita na criação de “um ecossistema com capacidade de competir a nível mundial”.
Por outro lado, em termos de uma possível remodelação do parque, Viera Rodrigues afirmou que “tentar-se-á compatibilizá-lo (o ‘tech hub’) com um espaço verde para campismo, apesar de esta premissa ainda não estar definitivamente assumida”. “É intenção de todos que o parque de campismo não deixe de existir, devendo ficar mais reduzido. O objetivo passa por criar uma zona de lazer onde se inclua aquele equipamento, tendo também, necessariamente, de ser repensado o seu modelo de ocupação”, especificou.