Centenas de pessoas deportadas dos Estados Unidos estão “largadas” numa praça pública na cidade mexicana de Reynosa, uma das “áreas mais perigosas do país”, denunciou a organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) esta quinta-feira (29).
As centenas de migrantes, na maioria mulheres e crianças de Honduras, Guatemala e El Salvador, “estão abarrotadas” na Plaza de la República, de Reynosa, Tamaulipas, fronteira com os Estados Unidos, informou a MSF num comunicado.
“Temos relatos de pessoas a desaparecer do dia para a noite na praça”. Esses migrantes estão em constante perigo de “sequestro e violência”, alertou a ONG.
Os estrangeiros foram deportados para o território mexicano sob a “perniciosa e discriminatória” lei “Título 42”, estabelecida pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump para evitar a disseminação da covid-19 e que ainda está em vigor, acrescentou a organização.
A MSF, que oferece até 150 consultas psicológicas e médicas por dia no local, disse que a maioria dos migrantes está “traumatizada”.
“Vemos principalmente famílias, especialmente mulheres a viajar sozinhas com seus filhos, que foram imediatamente deportadas para uma cidade extremamente perigosa, a dormir na rua”, acrescentou o comunicado.
Tamaulipas, com costa no Golfo do México, é a rota mais curta para chegar aos Estados Unidos pelo sul, mas é perigosa devido à presença de gangues que sequestram, extorquem e assassinam migrantes. É também um dos locais mais disputados pelos traficantes de drogas, segundo relatórios oficiais.
Em janeiro, 19 pessoas foram encontradas queimadas no município de Camargo, Tamaulipas, 16 delas eram migrantes oriundos de Guatemala.
Mais de 172.000 migrantes irregulares, incluindo quase 19.000 menores desacompanhados, foram detidos na fronteira sul dos Estados Unidos em março, um aumento de 71% num mês e o nível mais alto em 15 anos.