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Insularidade, jovens e decisões rápidas explicam pandemia em Cabo Verde

O ministro da Saúde cabo-verdiano, Arlindo do Rosário, afirma que a insularidade e a população jovem podem explicar as reduzidas consequências sanitárias da pandemia de covid-19 no país, mas sublinha que as decisões rápidas também foram decisivas.

O primeiro caso de covid-19 em Cabo Verde foi diagnosticado em 19 de março, na ilha da Boa Vista, num turista inglês que acabaria por morrer poucos dias depois. Ao fim de um ano – nesta quarta-feira – Cabo Verde contava 16.250 casos do novo coronavírus diagnosticados, 15.599 recuperados e 158 mortos por complicações associadas à doença.

Contas feitas, num balanço do primeiro ano de pandemia em Cabo Verde feito à agência Lusa, o ministro Arlindo do Rosário explica tratar-se de uma taxa de letalidade (percentagem de mortos entre casos diagnosticados) que se “aproxima” de 1%, e uma taxa de mortalidade de cerca de 2,5 por cada 10.000 habitantes.

“São valores, comparativamente com outros países, baixos”, aponta, justificando este quadro, desde logo, com a população jovem do país, já que à volta de 47% dos casos diagnosticados de covid-19 em Cabo Verde surgiram na faixa etária dos 20 aos 40 anos.

Já acima dos 60 anos, a taxa de mortalidade situa-se acima dos 8%.

“Se por um lado temos ganho pela estrutura demográfica e pela própria condição insular que temos, não significa necessariamente que isto em Cabo Verde é uma coisa ligeira, passageira. Não é”, afirma, admitindo que além das consequências sanitárias e das mortes que a doença já provocou, seguem-se as consequências económicas, num país que depende do turismo, ausente há um ano.

Atualmente são 480 os casos ativos de covid-19 em Cabo Verde, pandemia que teve quase sempre como foco principal de preocupação a cidade da Praia, que também concentra grande parte dos 550 mil habitantes do arquipélago.

A baixa população em determinadas ilhas é outra das características que, segundo o ministro da Saúde, “ajudou à evolução da pandemia em Cabo Verde”.

“Por outro lado, as medidas tomadas, muito restritivas logo no início, como o fecho das fronteiras [18 de março de 2020], o isolamento, o distanciamento social, contribuíram e muito”, garante.

Elogia a “abordagem muito séria” que se fez deste processo, que envolveu em abril e maio a declaração do estado de emergência no país pelo Presidente da República, com o confinamento generalizado da população e a paragem quase total das atividades económicas.

Arlindo do Rosário recorda ainda, em particular, o período inicial da pandemia, em fevereiro e março de 2020, com o país ainda “sem capacidade de resposta ou informação” sobre a doença, como o resto do mundo: “Foi uma altura intensa”.

“Se não tivéssemos feito que fizemos – o país de uma forma geral, porque as medidas contra a covid-19 não foram só no setor da saúde -, mas se nada tivesse sido feito, de certeza absoluta que os resultados que temos neste momento seriam de longe piores”, admite, reconhecendo o contributo da população, das autoridades, do parlamento e do Presidente da República para este desempenho.

Garante que no último ano “foi possível evitar a concentração de meios apenas no combate à covid-19”, mantendo “outros programas prioritários de saúde pública em funcionamento”, como a cobertura vacinal ou o acompanhamento de doenças crónicas.

“A covid-19 não tem tido um impacto negativo no acompanhamento das outras patologias”, afirma, embora alerte para os impactos da pandemia na saúde mental da população.

“É natural que haja um sentimento de alguma exaustão, de cansaço”, sustenta.

Contudo, sublinhou que o “objetivo maior” continua a ser “salvar vidas” e “evitar as exclusões”.

“Isto é uma maratona. Mas se há palavra que não devemos pronunciar é cansaço, porque não sabemos ainda quando é que isto irá terminar”, concluiu.

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