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Investigadores neozelandeses descobrem tubarões que brilham no escuro

Filipa Caeiros Rodrigues

Cientistas da Nova Zelândia descobriram três novas espécies de tubarões ao estudarem as profundezas mais inexploradas dos oceanos do nosso planeta. Entre eles, está o maior animal vertebrado luminoso conhecido pelo homem

O artigo científico sobre estes animais marinhos só agora foi publicado na revista científica Frontiers in Marine Science, mas tem por objetivo explicar como funciona a bioluminescência destes tubarões de águas profundas, que brilham no escuro, e que foram encontrados durante uma pesquisa na área oceânica de Chatham Rise, na costa leste da Nova Zelândia, em janeiro de 2020.

A emissão de luz é um fenómeno generalizado entre a vida marinha, como por exemplo nas lulas, e já documentada pela comunidade científica. Mas é a primeira vez que são encontradas provas de bioluminescência, a capacidade de organismos vivos produzirem luz através de uma reação química, nas espécies de tubarões Dalatias lichaEtmopterus lucifer e Etmopterus granulosus.

A equipa Futurism – composta por investigadores da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, e do Instituto Nacional da Água e da Atmosfera (NIWA), na Nova Zelândia – descobriu que as novas espécies de tubarões vivem na chamada zona mesopelágica ou “zona crepuscular” do oceano (que varia entre os 200 e os 1000 metros de profundidade), onde a luz solar já não penetra ou é muito fraca para iniciar a fotossíntese.

Segundo a mesma equipa de pesquisadores, vistos de baixo os tubarões aparecem iluminados contra a superfície brilhante da água, deixando-os expostos a potenciais predadores. Neste sentido, os cientistas acreditam que o brilho das barrigas são uma forma eficiente de camuflagem contra quaisquer ameaças.

Trata-se de uma descoberta que terá repercussões importantes na compreensão de um dos ecossistemas menos estudados do planeta – as águas mais profundas dos oceanos.

O tubarão Dalatias licha, apelidado pelos investigadores como “tubarão luminoso gigante”, pode chegar a atingir cerca de 1,80m de comprimento da cabeça até à cauda. O tamanho de um homem adulto. Tornou-se, assim, no maior animal vertebrado luminoso de que há registo.

O estudo agora apresentado refere que serão necessárias mais pesquisas para compreender porque razão o tubarão Dalatias licha é luminescente, já que a espécie tem poucos ou nenhuns predadores, ao contrário das outras duas espécies registadas.

No entanto, os cientistas especulam que no caso destes tubarões de movimento lento estes usem o brilho natural em tom azul para iluminarem o fundo do oceano enquanto procuram alimento ou se disfarçarem na aproximação das suas presas.

Durante muito tempo, acreditou-se que a bioluminescência dos animais marinhos era uma habilidade rara, quase exclusiva de um pequeno número de organismos, e mais incomum ainda em animais vertebrados. A equipa Futurism descobriu, agora, que a bioluminescência destes grandes predadores subaquáticos é obtida através de células produtoras de luz localizadas na pele – os fotóforos.

“Tendo em conta a vastidão do fundo do mar e a ocorrência de organismos luminosos nesta zona, é cada vez mais evidente que a produção de luz nas profundezas do oceano deve desempenhar um papel importante na estruturação do maior ecossistema do nosso planeta”, concluíram os autores do artigo científico publicado na última edição da Revista Frontiers in Marine Science, no passado dia 26 de fevereiro.

O fundo dos mares e os oceanos encerram uma imensidão de riquezas e maravilhas ainda inexploradas. Esta recente descoberta é, apenas, mais uma prova disso mesmo e do gigante tesouro escondido nas águas mais profundas do planeta.

Este artigo está disponível em: 繁體中文

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