Início Plataforma Azul Símbolos culturais de África, dezenas de embondeiros encontrados em Brasília

Símbolos culturais de África, dezenas de embondeiros encontrados em Brasília

Dezenas de embondeiros, árvores que são símbolos culturais de África, foram encontrados em Brasília, capital do Brasil, e estão agora a ser catalogados por especialistas, informou na quarta-feira a Casa de Angola na Bahia

A descoberta, que surpreendeu investigadores e especialistas em cultura africana no Brasil, foi feita pelo professor André Lúcio Bento, que, além de localizar essas árvores, também procedeu à plantação de embondeiros (igualmente conhecidos como baobás) no seu local de trabalho.

“Até agora, já foram identificados pelo menos 49 baobás somente no Distrito Federal [unidade federativa que envolve Brasília], mas o projeto já conta com a participação de outros moradores da região que também estão engajados em catalogar os embondeiros”, explicou a Casa de Angola na Bahia, em comunicado.

Essa espécie “tem um significado importante para a cultura negra, porque representa, a um só tempo, a força milenar, a tradição e a ancestralidade dos povos de Angola e de outras nações do continente africano”, acrescenta o texto.

Segundo o professor André Lúcio, a escolha de investigar os baobás visa promover a discussão sobre a educação para as relações étnico-raciais, um dos eixos curriculares das escolas públicas do Distrito Federal, no Brasil.

“A escolha dos baobás ocorreu em razão da centralidade que essa árvore ocupa no campo social, religioso e cultural dos povos tradicionais africanos. Além disso, os baobás existentes no Brasil são, em grande parte, resquícios da diáspora africana”, afirmou o docente, citado no comunicado.

O investigador sustentou ainda que essa espécie de árvore chegou ao Brasil nos porões dos navios negreiros, que traziam escravos africanos para o trabalho forçado em solo brasileiro durante o período da escravatura no país.

Após a conclusão do mapeamento dos baobás, será produzido um relatório que deverá ser entregue à Secretaria de Meio Ambiente e a órgãos ambientais do executivo brasileiro, no sentido de obter apoio para preservação dessas árvores, assim como “transformá-las em património cultural da humanidade”.

“A visibilidade desse projeto é também uma oportunidade para que os brasileiros possam conhecer melhor o continente africano e as suas diversas culturas. É preciso entender que na África se produz cultura e ciência e, por isso, esse estudo sobre os baobás traz mais conhecimento sobre a nossa realidade”, advogou o diretor do Centro Cultural Casa de Angola na Bahia, Benjamim Sabby.

Os embondeiros, além de carregados de espiritualidade e tradições em toda a África, proporcionam ainda alimento, água, medicamentos e abrigo a quem habita em florestas e savanas, possuindo um enorme valor cultural e ecológico.

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