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Plano quinquenal trouxe poucas mudanças

Johnson Chao

O primeiro plano quinquenal de Macau (2016-2020) foi publicado em 2016. Cinco anos depois, o PLATAFORMA reuniu a opinião de dois observadores sobre estes últimos anos. O sociólogo Leung Kai Yin acredita que os mecanismos mencionados no plano ainda não mostraram resultados. Já para o comentador Ron Lam, um plano é melhor do que nada, e o segredo está em pôr em prática uma administração com bases científicas.

Leung Kai Yin: Objetivo não atingido

O plano de desenvolvimento sócioeconómico para estes últimos cinco anos mencionava o objetivo de uma “boa administração” que incluía melhorar as capacidades e competências administrativas do governo, criar um melhor mecanismo de consulta pública e executar medidas políticas com base científica. Mas, para Leung Kai Yin, o conselho público de consulta falhou ao não conseguir incluir a opinião da população.

“Até ao momento, todos os membros são apoiantes de organizações governamentais, tendo sido excluídos aqueles que possuíam opiniões divergentes”, diz. Leung sente também que a administração não apresentou medidas claras para a diversificação da economia.

“Uma pandemia é capaz de revelar se, de facto, existe ou não diversidade económica em Macau”. Considera que, quando o novo Governo assumiu poder, teve imediatamente de lidar com a pandemia, e todas as políticas procuravam salvar o turismo, ou melhor, a indústria do jogo.

Quanto a mudanças visíveis, para Leung a promoção de valores de patriotismo, de amor à Pátria e por Macau “foi, de facto, bem-sucedida”. Dá como exemplo muitas escolas, atualmente, incluírem a cerimónia do içar da bandeira. “Isto porque Macau está a tentar pôr em prática uma abordagem de “um país, dois sistemas” completamente diferente de Hong Kong”, admite.

Já sobra a cooperação regional, o comentador e sociólogo receia que sob a orientação do Governo o processo de desenvolvimento abrande. Defende que deve ser dada maior importância às forças sociais e incentivar organizações a fazerem parte da Grande Baía. Dá como exemplo um centro de serviços que ele mesmo criou em Hengqin para atrair o interesse dos residentes de Zhuhai. “Veem este serviço como o mais avançado que existe, e querem por isso estudá-lo.

Se o Governo de Macau apoiar organizações semelhantes na entrada na Área da Grande Baia, poderá criar uma nova imagem para a cidade, que vá para além dos casinos”, conclui.

Ron Lam: Plano é melhor que nada

Já o comentador Ron Lam acredita que de um ponto de vista pragmático qualquer plano é melhor do que nada, mas não deve ser criado um plano só porque sim. É importante refletir sobre o que o Governo fez até então e tentar aprender com os erros. “Renovação urbana e planeamento individualizado, foi tudo o que o Governo não conseguiu fazer. Isso revela a incapacidade do executivo em pôr em prática e cumprir as promessas. Adicionando ainda os planos para a habitação, controlo das águas e reserva de terrenos, parece que o Governo não levou estes objetivos a sério”, assinala.

Para o comentador, o novo Governo adotou novas ideias e plataformas assim que assumiu funções, porém ainda é necessário alterar algum do trabalho deixado por executivos anteriores. É preciso apresentar soluções e promover mudanças que se baseiem em factos científicos. “Macau tem até agora feito um bom trabalho na prevenção epidémica, mas resta saber se o Governo irá continuar a adotar esta abordagem científica depois da pandemia. Serão estas decisões baseadas na ciência? Ou na vontade dos líderes políticos? Eu acredito que os últimos continuarão a liderar”, diz.

Ron Lam fez ainda questão de apontar que a “Comissão para Construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer”, responsável pelo plano quinquenal, não atualiza o respetivo website desde o final de 2019, após a mudança de Governo. Por isso diz acreditar que não houve grande mudança em Macau ao longo dos últimos cinco anos, “mas sim uma maior disparidade”.

“O Governo não tem conseguido acompanhar o desenvolvimento socioeconómico e o crescimento nas exigências da população. Embora não tenha havido retrocesso, não houve nenhum progresso. As necessidades da sociedade são muitas, mas o governo não desenvolveu formas de lhes dar resposta”, termina.

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