O ministro do Interior de Moçambique admitiu que a situação em Cabo Delgado continua complexa, considerando que os grupos insurgentes assaltam aldeias no norte da província à procura de mantimentos.
“A situação continua complexa, a guerra nunca foi uma boa coisa. É só olharmos para o número de deslocados que se fazem à [cidade de] Pemba, com todos os riscos”, declarou Amade Miquidade, em declarações à comunicação social à margem de um evento público em Maputo.
Segundo o governante, os grupos insurgentes intensificam os ataques em aldeias mais a norte da província na busca por logística.
“Eles estão a assaltar aldeias para roubar mantimentos para sua própria logística”, frisou Amade Miquidade, que aproveitou para lamentar a morte de pelo menos 40 pessoas, incluindo deslocados, na sequência de um naufrágio entre as ilhas do Ibo e Matemo, no norte de Moçambique.
A embarcação, que saía de Palma com destino à Pemba, levava mais de 70 pessoas e o naufrágio ocorreu devido ao mau tempo e ao excesso de carga, disse à agência Lusa, na terça-feira, o presidente do Conselho Autárquico de Pemba, Florete Simba Motarua.
Outras fontes locais disseram à Lusa que um número desconhecido de corpos foi encontrado nas margens da ilha do Ibo, o mesmo local onde alguns sobreviventes procuraram refúgio depois do naufrágio.
A capital de Cabo Delgado está desde meados de outubro a receber uma vaga de deslocados, que viajam em barcos precários até Pemba, devido a novos ataques em distritos mais a norte daquela província do norte de Moçambique.
No total, segundo dados oficiais, chegaram a Pemba cerca de 11.200 deslocados desde 16 de outubro e as autoridades municipais alertam para a falta de espaço para receber novas pessoas.
De acordo com o autarca, Florete Simba Motarua, “a cidade de Pemba tinha mais de 204 mil habitantes, segundo o último censo geral da população”, em 2017, “mas neste momento há mais de 300.000”.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas.
Há diferentes estimativas para o número de mortos, que vão de mil a 2.000 vítimas.