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EUA e Índia reforçam aliança militar no contexto de tensões com a China

Lusa

Índia e Estados Unidos elevaram hoje a sua aliança militar, com a assinatura de um acordo para troca de dados de satélite, que permitirá a Nova Deli obter maior precisão no manuseio de mísseis ou drones.

A assinatura do acordo ocorre num período de crescentes tensões entre Índia e China, mas também de deterioração nas relações entre Pequim e Washington.

A assinatura foi feita na terceira ronda das negociações ministeriais Índia – EUA 2 + 2, que contou com a participação do secretário de Estado e do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mike Pompeo e Mark Esper, respetivamente.

Os responsáveis norte-americanos reuniram-se com os homólogos indianos, Subrahmanyam Jaishankar e Rajnath Singh.

“É importante destacar que alcançamos hoje um marco significativo com a assinatura do Acordo Básico de Intercâmbio e Cooperação (BECA), o último dos acordos de base para a Defesa”, disse Esper, em conferência de imprensa.

O Secretário da Defesa sublinhou que a aliança com a Índia se deve aos “valores partilhados e interesses comuns”, entre os quais sublinhou o “apoio a um Pacífico livre e aberto para todos, em particular face às crescentes agressões e atividades desestabilizadoras da China”.

O acordo junta-se a três outros pactos de segurança assinados entre a Índia e os Estados Unidos.

Trata-se de acordos que Washington costuma limitar aos seus parceiros da NATO e a países asiáticos como o Japão e a Coreia do Sul, ou a Austrália, na Oceânia, com os quais forma um bloco que visa conter a crescente assertividade da China na região.

No caso da Índia, a tensão com a China não se limita ao mar. Os dois países disputam territórios na fronteira nos Himalaias, que em junho passado originaram os confrontos mais violentos em várias décadas, com a morte de pelo menos 20 soldados indianos.

Durante o seu discurso, Pompeo referiu-se aos vinte soldados indianos mortos no Himalaias, aos quais prestou homenagem, esta manhã, num memorial na capital indiana, dedicado aos que morreram em combate.

Pompeo garantiu que os Estados Unidos vão apoiar a Índia, enquanto o país “enfrentar ameaças contra a sua soberania e liberdade”.

“Os nossos líderes e cidadãos estão a ver, cada vez mais claramente, que o Partido Comunista Chinês não é amigo da democracia, do Estado de direito ou da transparência”, afirmou.

“Tenho o prazer de dizer que os Estados Unidos e a Índia estão a tomar medidas para fortalecer a cooperação contra todos os tipos de ameaças, e não apenas aquelas representadas pelo Partido Comunista Chinês”, acrescentou.

As partes destacaram que a Marinha da Índia vai realizar exercícios navais no Malabar, nas próximas semanas, com a participação dos restantes países da aliança “Quad”, que inclui ainda Austrália e Japão, com o objetivo de garantir um “Indo-Pacífico livre, aberto e inclusivo”.

O Quad é visto como um contrapeso para a ascensão da China, que tenciona reforçar o domínio militar em toda a região.

Pompeo segue hoje para o Sri Lanka, onde continuará o seu périplo pela Ásia, que inclui ainda as Maldivas e a Indonésia, onde o chefe da diplomacia norte-americana continuará o seu esforço para conter a influência chinesa.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se também rapidamente, nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, em torno do comércio, tecnologia, a soberania do mar do Sul da China ou questões de direitos humanos.

Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.

Índia e China travaram uma guerra de um mês pelos territórios disputados na fronteira, durante o auge da Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962, e alguns temem que ocorra um confronto semelhante.

Desde que Donald Trump se tornou Presidente, os EUA e a Índia reforçaram gradualmente a cooperação no âmbito militar.

Quando Trump visitou a Índia, em fevereiro passado, os dois lados concluíram acordos de defesa no valor de mais de 3 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros).

O comércio no âmbito da defesa bilateral aumentou de quase zero, em 2008, para 15 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros), em 2019.

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