O Estádio José Gomes voltou a receber hoje, após 12 anos de interregno, um jogo de futebol profissional do Estrela da Amadora, na receção ao Oriental, em partida da quarta jornada da série G do Campeonato de Portugal.
Quando, em 23 de maio de 2009, o árbitro setubalense João Ferreira deu por terminado o jogo com o Rio Ave, no Estádio dos Arcos (derrota, por 2-1), dificilmente seria de acreditar que o Estrela da Amadora iria demorar 12 anos a ter uma equipa profissional.
Nessa temporada, os ‘tricolores’ terminaram na 11.ª posição, com 31 pontos, mas um avolumar de dívidas ‘obrigou’ o clube a tornar-se insolvente, apesar de, na época seguinte, ainda ter jogado na, então, II divisão nacional. Depois foi o interregno.
Hoje, uma hora antes do jogo com o Oriental, o movimento em torno do Estádio José Gomes, na Reboleira, era quase nulo. Circulavam uns carros, poucos, e uma ou outra pessoa foi ao multibanco junto às piscinas. Mas estavam longe de saber que hoje era um dia especial: o dia do regresso do futebol profissional do Estrela da Amadora ao ‘seu’ José Gomes.
Os cafés em torno do estádio estavam praticamente ‘às moscas’, longe dos tempos em que os adeptos da casa e forasteiros ‘atestavam’ o corpo antes dos jogos para melhor poderem apoiar as suas equipas. Não havia sinal de bandeiras, buzinas, nem um burburinho. Nada.
Os portões do renovado Estádio José Gomes estavam fechados. Não fosse a música, bem alta por sinal, que se ouvia do interior do estádio, e não se saberia que iria ali haver o jogo entre o Clube Foobtall Estrela (assim designado com a criação da SAD) e o Clube Oriental de Lisboa.
A fase pandémica que todos vão vivendo impede a ida de adeptos aos estádios, situação que vai, por um lado, refreando a paixão pelo futebol, e, por outro, fazer cair no esquecimento que o Estrela da Amadora está aí e lidera a Série G do Campeonato de Portugal com 10 pontos, contanto já com o triunfo de hoje diante do Oriental (2-0).
Os golos de Guilherme Miranda, na primeira parte, Telmo Watché, na segunda, apenas foram vistos pelo ‘staff’ das duas equipas e por quem, timidamente, abriu a janela de casa, na Avenida Dr. José Pontes, e conseguiu espreitar para o que conseguia ver do novíssimo relvado do José Gomes.
Com as bancadas vazias, o vermelho, o branco e o verde eram os únicos elementos que davam cor ao estádio e lembram os tempos em que o atual selecionador Fernando Santos, ou Paulo Bento, Jordão, Silvestre Varela, Vidigal ou Rui Águas, entre outros, representaram o Estrela da Amadora.
O que fora outrora a tribuna presidencial, por trás da baliza sul, é agora a sala de troféus.
Quem entra para o relvado poderá ter a noção dos troféus conquistados pelo Estrela da Amadora, entre os quais se destaca a Taça de Portugal, conquistada em 1989/90.
Nessa temporada, o Estrela da Amadora, então sob a batuta de João Alves, conquistou a Taça de Portugal ao vencer o Farense, após grandes penalidades. O clube algarvio volta agora a cruzar-se com os ‘tricolores’, precisamente para a terceira eliminatória da ‘prova rainha’.
Mas este não é o único ponto de ligação entre os dois emblemas. Há mais. Depois de ter conduzido o Farense até à I Liga, o então administrador da SAD algarvia André Geraldes é hoje o presidente do Estrela da Amadora. Sentido inverso fez José Luís Domingos, que foi durante mais de 20 anos homem dos sete ofícios dos ‘tricolores’, no tempo em que não se ouvia falar em diretores desportivos.
Depois de quatro anos ao serviço do Belenenses SAD e dois da B SAD (após o ‘divórcio’ do Belenenses clube com a SAD), José Luís é agora diretor desportivo do Farense. As duas equipas defrontam-se em 22 de novembro no Estádio José Gomes.
“É um clube que me diz muito. Acabámos lá por fazer um projeto idêntico a este. Conseguimos colocar o Farense na I Liga. É um histórico que esteve adormecido, deixou de competir durante alguns anos. A história é muito similar à do Estrela da Amadora. Estamos a trabalhar para fazer o mesmo percurso”, disse à Agência Lusa André Geraldes, garantindo que os ‘tricolores’ têm como missão vencer o jogo.