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Primeira circum-navegação do Brasil à China editada em livro inédito

Gonçalo Lobo Pinheiro

A missão, cercada de polémica, ocorreu entre 1879 e 1883, passou por Macau e celebrou Camões em Hong Kong

A primeira circum-navegação do Brasil à China está agora contada em livro pelos académicos Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco, e com a chacela da Dois Por Quatro. A obra “Primeira circum-navegação brasileira e primeira missão do Brasil à China (1879)”, com 360 páginas e que aborda um tema até agora inédito, revela os bastidores da primeira missão diplomática brasileira à China, factos ocorridos entre 1879 e 1883.

“Passaram e visitaram Macau”, começou por revelar ao PLATAFORMA Jeff Franco, um dos autores do livro, acrescentando um dado interessante. “E participaram em Hong Kong do tricentenário do nascimento de Camões”, numa festa promovida pelo Club Lusitano com muita da comunidade portuguesa de Macau e Hong Kong, 13 anos depois da fundação daquele clube.

A viagem começou em 1867 com 197 homens da Marinha brasileira – 22 oficiais, 126 marinheiros imperiais, 15 figuistas e 21 soldados navais -, comandados pelo capitão de fragata Júlio César de Noronha. Muitos dos marinheiros acabram por morrer de doenças várias, de onde se detaca a beribéri – uma doença nutricional causada pela falta de vitamina B1 no organismo. Outros desertaram e outros ainda, encontrando-se hospitalizados em diversas paragens, não poderam regressar ao Brasil com a guarnição. A aventura durou 430 dias, tendo sido 268 e viagem e 162 aportados.

O navio teve ainda como propósito a primeira missão diplomática brasileira que durante três anos procurou um acordo para levar até ao Brasil mão-de-obra chinesa. Seguiram a bordo, como enviados extraórdinários o diplomata Eduardo Callado e o contra-almirante Arthur Silveira da Motta, futuro barão de Jaceguai.

Os autores Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco, nos últimos anos, têm vindo a trabalhar em conjunto em diversas obras. “A caminho do ouro – norte-americanos na ilha de Santa Catarina” (2015) e “História natural da ilha de Santa Catarina: o códice de Noronha” (2017) foram o mote para este novo livros, uma vez que devido às pesquisas que foram fazendo, coletaram diversos documentos, fotografias e ilustrações.

“A nossa proposta foi recuperar uma aventura levada com heroísmo por centenas de marinheiros anónimos, alguns dos quais até perderam a vida. A viagem é um episódio da história brasileira que estava escondido em vários repositórios”, explicaram os autores em comunicado de imprensa.

“Escrevemos este livro com muito entusiasmo por que recupera um tema até agora inédito, uma parte interessante da memória nacional e também por ser uma história repleta de curiosidades”, pode ainda ler-se na nota.

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