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Brasil: Polícia pede transferência de líderes de gangues do Rio para prisões federais

A Secretaria da Polícia Civil (Sepol) do Rio de Janeiro informou na quinta-feira que vai pedir a transferência dos líderes de fações criminosas envolvidas nos recentes confrontos que causaram o terror naquele estado brasileiro.

O pedido de transferência para prisões federais deve-se a uma guerra entre traficantes pelo controlo de um complexo de favelas chamado São Carlos, na região central do Rio de Janeiro, que provocou vários episódios de violência na cidade desde a noite de quarta-feira e fez quatro mortos, segundo informações dos ‘media’ locais.

Segundo a polícia, a invasão territorial foi orquestrada na favela Rocinha pelos líderes da maior fação criminosa do Rio de Janeiro, e contou com o apoio de outras favelas.

No total, as 24 horas de terror na zona central do Rio de Janeiro culminaram com 16 prisões, quatro mortos e quatro feridos, segundo a Polícia Militar, que realizou uma operação na área para tentar travar a batalha entre traficantes.

As vítimas mortais são três suspeitos e uma jovem de 25 anos, atingida por dois disparos quando tentava proteger o filho do tiroteio, tendo sido encaminhada para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

O jornal Extra informou que por volta das 02:00 de quinta-feira (06:00 em Lisboa), um dos envolvidos no primeiro episódio de violência tentou fugir do cerco que a polícia montou na região, invadiu um apartamento e fez uma família refém por cinco horas até se entregar.

Já na tarde de quinta-feira, uma intensa troca de tiros voltou a ocorrer na região, e um segundo sequestro ocorreu junto das comunidades. Após negociações com a polícia, quatro traficantes foram presos e a refém libertada.

Em entrevista ao canal GloboNews, o subsecretário de Planeamento e Integração Operacional (SSPIO) da Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que restringiu as operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro, prejudicou as investigações sobre áreas dominadas pelo tráfico.

“Há duas semanas, a polícia recebeu a informação da movimentação de criminosos nessa região, mas sem qualquer indicação de que haveria disputa territorial a envolver o Complexo do São Carlos. É importante esclarecer que, devido à decisão do STF, que determina que a polícia só possa agir em hipóteses absolutamente excecionais, essas informações de inteligência (…) não puderam ser verificadas”, advogou Curi.

Também o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que adotou uma forte retórica de combate ao crime baseada no uso da violência, culpou a decisão judicial pela “impossibilidade” de manter agentes nas comunidades.

“A segurança pública é nossa prioridade, mas, por determinação judicial, a atuação das polícias está limitada no Rio de Janeiro. (…) A impossibilidade da presença permanente da força policial no interior das comunidades deixa parcela da sociedade do Rio de Janeiro refém dos narcoterroristas, que fazem das áreas de domínio nas comunidades os seus grandes ‘bunkers’ e expandem livremente sua atuação”, escreveu Witzel na rede social Twitter.

Confrontos entre grupos ligados ao narcotráfico para obter o controlo da venda de drogas nas favelas são comuns no Rio de Janeiro e uma das principais causas da violência na cidade.

Historicamente, as autoridades realizam operações para deter os criminosos nas favelas, ações que foram mais recorrentes nas primeiras semanas de confinamento social implantado para conter a proliferação da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

No entanto, durante estas operações foram denunciados abusos da polícia e a morte de menores e civis inocentes.

Diante destes factos, o STF restringiu a realização desse tipo de operações desde junho, medida que reduziu mais de 70% as mortes provocadas por agentes do Estado nas favelas ‘cariocas’.

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