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Fronteiras fechadas, desemprego a subir

Johnson Chao

O Governo de Macau revelou recentemente que entre os meses de março e maio a taxa de desemprego cresceu até aos 2,4 por cento, valor que sobre para 3,4 por cento entre residentes locais, a mais alta dos últimos nove anos. O número daqueles que voluntariamente decidiram trabalhar menos de 35 horas semanais subiu para 10.600, quando rondava os 3.000 no início do ano. Leong Sun Iok, deputado e vice-Presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, espera que as autoridades avancem com um plano de “formação subsidiada”. Já Vong Kok Seng, vice-Presidente da Associação Comercial de Macau, lembra que o setor comercial continua com uma atitude positiva de que “amanhã será um dia melhor”, enquanto espera, ansioso, pela reabertura das fronteiras. 

Segundo a Direção dos Serviços de Estatística e Censos, durante o primeiro trimestre deste ano foram dissolvidas 156 sociedades em Macau, representando uma perda de 15 milhões de patacas. Leong Sun Iok admite em declarações ao PLATAFORMA que se a pandemia continuar a dominar a atualidade não é de excluir a hipótese de haver mais uma vaga de dissoluções. Atualmente, nas zonas turísticas da cidade há empresas do setor alimentar que estão encerradas, enquanto outros estabelecimentos, como farmácias, não vão conseguir continuar a pagar rendas.

“O setor de serviços, que tem como principal mercado os turistas, sofreu o maior impacto. Funcionários na área de vendas de produtos de luxo recebem um salário base mais comissões, e por isso não dependem tanto do número de turistas”, adianta.

Leong acrescenta que recebeu recentemente um pedido de ajuda de um grupo de guias turísticos de uma agência de viagens com um ano de atraso em salários. O deputado indica igualmente que, atualmente, o impacto sobre funcionários da área da restauração é também grande: “Existem milhares de funcionários pagos à hora para banquetes e festas que praticamente não acontecem e tiveram de parar de trabalhar”, lembra.

Empresas de jogo assumem um papel de equilíbrio
Sobre a abertura das fronteiras, Leong insiste que a segurança é o mais importante.

“Se a reabertura não for feita de forma segura, toda a situação poderá piorar”, diz. Reconhece que as autoridades locais estão em constante comunicação com a província de Guangdong, procurando até lá preservar a atividade comercial com a procura nacional. O deputado espera, no entanto, que o Governo implemente o plano de formação subsidiada como apoio aos atuais empregados que não podem trabalhar. 

Afirma também que o emprego de funcionários públicos, agências de serviços sociais e instituições médicas continua estável, tal como as empresas de jogo que ao empregarem 100 mil funcionários contribuem largamente para a estabilidade social. 

“Espero que as empresas de jogo possam assumir alguma responsabilidade social. De tal forma que possam ajudar as pequenas e médias empresas à sua volta. Este apoio pode também incluir o foro psicológico, para evitar um efeito de dominó causado pelos problemas que daí advêm”, diz.

Setor comercial à espera da reabertura das fronteiras
Já o vice-Presidente da Associação Comercial de Macau, Vong Kok Seng, em declarações ao PLATAFORMA admite que, tendo em conta que a pandemia já está a durar há mais de meio ano, a taxa de desemprego em Macau deverá continuar a subir. Se não for possível reabrir a fronteira num futuro próximo, as previsões não deverão ser as melhores, prevê. 

“Recentemente Hong Kong anunciou estender as medidas de confinamento para visitantes até 7 de agosto, deixando todos desiludidos e a questionar se essa situação será tolerável. O setor comercial está ansioso pela reabertura das fronteiras e o controlo epidémico em Macau tem tido bons resultados”, assinala.

Acrescenta que quanto mais cedo a fronteira reabrir, melhor. Primeiramente pode ser aberta apenas para Hong Kong e Zhuhai, e lentamente às restantes regiões da Grande Baía, defende. 

O responsável acredita que as medidas de formação subsidiada lançadas pelo Governo conseguem aliviar alguma pressão no mercado de trabalho, mas não se deve depender das mesmas a longo prazo. 

Vong considera que existem muitos casos de negócios a encerrarem ou a suspenderem atividade em Macau, e todo o setor enfrenta vários obstáculos.

“A redução de mão-de-obra é sobretudo uma redução do número de trabalhadores externos, priorizando os locais. O problema é que existem muitos trabalhos que os locais não querem ou não estão dispostos a fazer, e por isso dependem de mão-de-obra exterior”, alerta. 

Recorda igualmente que no passado grande parte da receita económica de Macau dependia da mão-de-obra local, e os trabalhadores externos constituíam uma força complementar, não sendo um fardo, mas sim um importante pilar do sucesso económico da cidade. 

Quanto tempo poderá a indústria aguentar a situação atual? Vong Kok Seng pensa que é uma previsão difícil.

“Não posso dizer se conseguirão aguentar muito mais tempo. Suspeito que algumas áreas como o turismo e telecomunicações, que dependem largamente da visita de turistas, irão continuar a sofrer”, reconhece. 

Mesmo que o Governo desenvolva soluções para estimular a economia, o vice-presidente da Associação Comercial de Macau acredita que a região não pode depender das mesmas a longo prazo. 

“É essencial retomar o normal funcionamento das fronteiras o mais rápido possível”, conclui.

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