18/12
Xi Jinping chega a Macau
Ainda no aeroporto, o presidente afirma que o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ tem sido “escrupulosamente cumprido” no território. Acrescentou estar “muito feliz” por visitar Macau, e realçou “o sucesso e o progresso” da região desde a transferência do exercício da soberania.
Visita a centro de serviços
Xi Jinping esteve no Centro de Serviços na Areia Preta, onde acompanhou cidadãos a tratar de assuntos relacionados com finanças, passaportes e segurança social. A visita foi guiada pela antiga secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, na véspera de deixar o Governo.
Visita à escola secundária Hou Kong, na Taipa
Xi Jinping enalteceu o patriotismo dos jovens de Macau. Pediu à escola para ensinar os alunos sobre os quase cinco mil anos de História da China, afirmando que ajudará a que o país e o povo se mantenham unidos.
Relação sino-lusófona
Presidente visita o Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, acompanhado pelo antigo Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o ex-secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong.
19/12
Apelo ao contributo de todos
“Para o desenvolvimento de Macau, é preciso o contributo de toda a população. Espero que contribuam mais”, afirmou Xi Jinping, num breve discurso durante um encontro com os principais dirigentes e figuras de Macau. Na presença de 150 personalidades, Xi apontou a diversificação económica e a estabilidade como prioridades para a região.
Elogio ao patriotismo
“Em todas as escolas de Macau, as pessoas hasteiam a bandeira da China e tocam e cantam o hino nacional. Tudo isto faz com que o patriotismo seja um legado para a geração mais jovem, consolidando o fundamento ideológico das práticas bem-sucedidas de “Um País, Dois Sistemas”, afirmou Xi Jinping, no discurso durante um jantar para 600 convidados no Macau Dome. O presidente defendeu que a democracia, direitos humanos e liberdades são princípios fundamentais que a população de Macau valoriza, ressalvando que o patriotismo vem em primeiro.
No que foi entendido como um recado a Hong Kong, em protestos há perto de meio ano, Xi Jinping sublinhou que o Governo e a população locais não só não provocam desavenças internas, “como resistem conscientemente a todos os distúrbios externos”. Quando se trata de implementar políticas, legislar ou traçar objetivos, acrescentou, o critério que se sobrepõe “é se o assunto corresponde ou não aos interesses da Pátria e de Macau”.
A segurança nacional e a regulamentação do artigo 23 da Lei Básica, em 2009, assim como a criação, no ano passado, da Comissão de Defesa da Segurança do Estado foram algumas das políticas elogiadas.
20/12
Tomada de posse
Ho Iat Seng toma posse como Chefe do Executivo, perante o presidente Xi Jinping. Os titulares dos principais cargos do quinto Governo e membros do Conselho Executivo também prestaram juramento.
Pedras no sapato
Durante a visita oficial de Xi Jinping a Macau, a presidente da Associação Novo Macau, Kam Sut Leng alega ter sido vítima de intimidações. O deputado e vice-presidente da associação, Sulu Sou, acredita que “razões políticas” estiveram na base da ameaça. “Penso que alguém ou alguma força, não sei dizer, quer que saibamos que estamos a ser vigiados. Essa é missão ‘número um’. Acho que é uma ação motivada unicamente por razões políticas. É bastante claro que prepararam isto por ocasião da visita de três dias do presidente Xi Jinping a Macau”, afirmou na altura Sulu Sou, acrescentando que é “inaceitável” que membros da maior associação pró-democracia sejam perseguidos ou ameaçados. “Recordo sempre ao Governo que compreendo que têm de preparar uma estratégia ao nível da segurança pública para a visita do presidente Xi. Entendo, mas devem fazê-lo de forma razoável. Não precisam de reagir de forma exagerada ou ser demasiado sensíveis. Isso só vai causar problemas e problemas desnecessários do ponto de vista político”, reforçou Sulu. Kam Sut Leng denunciou nas redes sociais ter sido importunada por dois desconhecidos, de moto, quando deixava o local de trabalho à noite.
Durante a visita do presidente, os deputados pró-democracia Sulu Sou, Au Kam San e Ng Kuok Cheong não foram convidados pelo Governo para participar em eventos com a presença de Xi Jinping.
Também durante a estadia de Xi, seis ativistas da Liga dos Sociais Democratas (LSD) de Hong Kong, que tinham a intenção de fazer um protesto em Macau no primeiro dia da visita, foram impedidos de apanhar o ferry em Hong Kong, de acordo com o South China Morning Post. Para o vice-presidente do grupo, a decisão leva a duas conclusões: “Um é que o imperador Xi Jinping não tem confiança nele próprio, porque nem sequer consegue aceitar um protesto pacífico e não consegue tolerar qualquer tipo de voz dissidente. O outro é que, se a decisão de impedir a nossa entrada veio das autoridades de Macau, mostra que o Governo local não está preparado para transformar Macau em mais um centro financeiro da China”. Vários jornalistas também foram impedidos de entrar em Macau, apesar de estarem acreditados para a cobertura da cerimónia dos 20 anos de transição de administração de Macau de Portugal para a China.
“Perigo mesmo em tempo de paz”
No discurso pós-tomada de posse, o presidente Xi Jinping afirmou que o novo Governo deve “pensar grande e ter visão de longo prazo”, preparando-se para o “perigo mesmo em tempos de paz”. Xi sublinhou quatro frentes:
1. Melhorar a governação e “não deixar problemas por resolver”, incentivando a “Reformas da administração pública com o objetivo de aumentar a eficiência e capacidade governativas”.
2. Diversificar a economia de acordo com as estratégias nacionais: “No momento, podem concentrar-se na exploração da Ilha de Hengqin, mediante cooperação com Zhuhai visando abrir espaço e injetar vigor ao desenvolvimento de longo prazo de Macau”.
3. Garantir que “todos beneficiam dos resultados do desenvolvimento”: Xi quer que se melhore “mais as infraestruturas de transporte, energia, proteção ambiental, informação e segurança urbana”, respondendo a preocupações como “habitação, serviços médicos, e cuidado aos idosos”.
4. “Mais atenção e ajuda aos grupos vulneráveis”: “Há que reforçar as associações sociais de amor à pátria e a Macau, para que sirvam como pontes de comunicação entre o Governo e os cidadãos” e “consolidar a tradição de valorização da união” e “tratar de maneira adequada as contradições sociais, para que todos defendam conjuntamente a estabilidade e harmonia social”.
Papel único
No mesmo discurso, Xi Jinping afirmou que apesar de Macau ser “um lugar pequeno”, tem “um papel único na prática do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, tendo havido no território “a direção correta da aplicação” da fórmula, o que passa pela garantia da “jurisdição total” de Pequim.
O presidente elogiou a correta aplicação em Macau do princípio formulado por Deng Xiaoping, mas disse que poderá haver ajustamentos. Xi Jinping defendeu que as mudanças vão resultar na melhoria de Macau e Hong Kong. “Não precisamos de nenhuma força externa a apontar o dedo e a julgar-nos”, afirmou, sublinhando que “os assuntos das regiões são totalmente domésticos para a China”.
Partida
Depois de uma visita oficial de três dias ao território, Xi Jinping encerrou a estadia, a mais longa levada a cabo pelo chefe de Estado.
Plataforma Macau 27.12.2019