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Déjà vu

As forças militares filipinas na noite de dia 30 de agosto anunciaram que um navio nacional de patrulha encalhou no recife Banyue, enquanto navegava no Mar do Sul da China. Este faz parte das ilhas Nansha, rico em recursos haliêuticos e refúgio natural do vento, por isso é um local escolhido por muitos pescadores chineses. Este recife é constituído por rochas visíveis durante todo o ano, pode chegar a ter 12 milhas marítimas de mar territorial e de zona contígua, estando sempre, até hoje, sob controlo chinês, com fronteiras chinesas.

Segundo os media filipinos, o coronel Noel Detoyato, representante das Forças Armadas filipinas, disse que o navio em causa, Gregorio del Pilar, estava encalhado desde a noite de dia 29. O Coronel filipino partilhou ainda que as Forças de Comando Ocidentais das Filipinas enviaram todos os navios disponíveis para avaliar a situação e possíveis soluções, incluindo formas de trazer o navio de forma segura para um porto e evacuar todas as tropas a bordo.

De acordo com relatórios militares e inspeção inicial, o navio ficou encalhado desde a proa até meio e com a hélice danificada. A tripulação verificou todas as válvulas de ar, e não encontrou qualquer tipo de infiltração de água. Noel Detoyato acrescentou ainda: “As Forças Militares irão investigar a situação, tentar descobrir o que pode ter causado o encalhamento, e trabalhar para que tal incidente não volte a acontecer.”

O navio Gregorio del Pilar é um dos três antigos navios de patrulha marítima norte-americana que as Filipinas compraram aos Estados Unidos, o maior navio desta categoria que o país possui. Mas será que este incidente foi assim tão simples? O encalhar de um navio militar filipino numa ilha chinesa parece familiar. Ao longo da história, as Filipinas já ocuparam recifes ao, deliberadamente, encalharem navios nestes locais. Em 1999, um navio filipino ficou encalhado no recife Ren Ai durante um longo período de tempo, local este que fica apenas a 31 quilómetros do recife Meiji. As tropas chinesas inspecionavam regularmente o recife, e em 2015, durante um conflito no Mar do Sul da China, as Filipinas queriam utilizar estruturas de cimento permanentes como desculpa para reparação de um navio encalhado. Desde aí que autoridades responsáveis chinesas têm intercetado navios filipinos, impedindo-os de ter sucesso na missão. Esta “técnica” filipina viola a “Declaração de Conduta no Mar da China Meridional” adotada em 2004, tendo como única finalidade conter a China.

Nesse mesmo ano as Filipinas aproveitaram a fraca capacidade de defesa chinesa na região para ocupar ilhas e recifes, mas será que tal método ainda resulta atualmente? Até ao momento, o recife Banyue esteve sempre dentro de fronteira chinesa e definido por outras marcas de soberania. Em 1995 as Filipinas destruíram uma destas fronteiras, que a China posteriormente reconstruiu. Alguns anos depois, em 2012, alguns pescadores relataram que esta foi novamente destruída, por isso não é excluída a possibilidade de este encalhamento ser intencional. Porém, atualmente não é tão fácil repetir um incidente como o de 1999. Logo na primeira hora as tropas chinesas chegaram ao local e isolaram as águas circundantes. Embora Delfin Lorenzana, Secretário da Defesa Nacional das Filipinas, tenha recusado ajuda chinesa, vários navios militares e de guarda costeira já se encontram no local, estando presente o navio de salvamento “Mar da China Meridional 115”, de forma a evitar um novo incidente de encalhamento prolongado como um “facto consumado”.

 

DAVID Chan 07.09.2018

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