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“Manter a língua portuguesa viva é uma responsabilidade”

Com os sete nomeados ainda por anunciar, Pereira Couti-nho é, para já, o único deputado de língua portuguesa. Leonel Alves acredita que será mantido o bilinguismo na Assembleia.

José Pereira Coutinho garantiu a reeleição nas legislativas, com a lista Nova Esperança a receber 14,383 votos e a ser, assim, a quarta lista mais votada entre as 24 que concorreram pelo sufrágio direto. O número recorde de votos conquistados não foi, ainda assim, suficiente para segurar o número dois, Leong Veng Chai. Coutinho perde o colega de bancada dos últimos quatro anos e é também o único dos sete lusodescendentes que participaram nestas eleições pela via direta a conseguir um assento na Assembleia Legislativa (AL). 

O deputado, que diz “estar habituado a estar sozinho” na AL, vai continuar a dar destaque ao português. “Manter a língua portuguesa viva é uma responsabilidade. Por outro lado, também será responsabilidade do Governo respeitar a língua portuguesa e responder em tempo útil às interpelações escritas e outros documentos que envio todas as semanas”, afirma. 

Com saída do deputado Leonel Alves da AL, ao fim de 33 anos, Coutinho deverá garantir sozinho as intervenções na língua portuguesa no órgão – isto caso não haja macaenses entre os sete nomeados pelo Chefe do Executivo. 

“Nada se irá alterar. Vou trabalhar mais e melhor em língua portuguesa dentro da AL. Nos debates das LAG vou usar mais a língua portuguesa, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado pelos secretários, que podem usar como argumento a tradução para não responderem às minhas perguntas”, afirma Coutinho, lembrando ainda os funcionários da Assembleia que são também importantes uma vez que “ajudam à disponibilização de todo o material em português”.

Leonel Alves partilha da convicção sobre a manutenção do bilinguismo no hemiciclo. “A AL continuará na senda de aprofundamento do bilinguismo, porque o deputado ou deputados falarão essa língua. A assessoria jurídica continuará a ter um papel crucial nos próximos anos”, observa.

O antigo deputado – nos últimos 25 anos pelo sufrágio indireto – mostra-se ainda satisfeito com a nova composição do hemiciclo, enfatizando que “finalmente apareceu o tão esperado sangue novo” e tecendo elogios à estreante da lista Observatório Cívico. “A Agnes Lam já deu provas de ser uma pessoa com uma mentalidade aberta e moderna e faz abordagens muito interessantes às grandes questões de Macau. É uma aquisição interessante para a AL.”

Leonel Alves também prevê novidades pela mão de Sulu Sou  – o deputado mais jovem deste legislatura, que aos 26 anos vem reforçar a ala pró-democrata, ao ser eleito pela lista apoiada pela Associação Novo Macau. “Não o conheço pessoalmente mas pelo que tenho lido, tem feito uma abordagem relativamente diferente dos veteranos (Ng Kuok Cheong e Au Kam San). Vamos esperar que se respire oxigénio novo na AL, com valores novos, consistentes e realísticos por forma a que Macau seja uma sociedade harmoniosa e prossiga para um patamar superior de relações entre as forças, com maior grau de democraticidade nos órgãos políticos.”

O Chefe do Executivo irá anunciar nos próximos dias os sete deputados que nomeia para esta legislatura. O analista político Sonny Lo entende que no grupo de representantes do Executivo deveria constar um lusodescendente. “Como o número de deputados macaenses tem vindo a diminuir ao longo dos tempos, seria politicamente sensato e o Chefe do Executivo deveria considerar a nomeação de mais representantes da comunidade macaense por forma a equilibrar a representação política numa legislatura dominada pelos chineses”, defende. 

‭ ‬Olga Pereira

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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