A DMA Consulting Limited, consultora criada em Macau há três anos, planeia abrir uma filial em Portugal no próximo ano para apoiar empresas portuguesas a entrar no mercado chinês.
O português Dário Almeida abriu em Macau a consultora DMA Consulting, “pensada da China para o mundo”. “Nos últimos dois anos, temos dado apoio a clientes chineses que queiram investir fora da China, fornecendo-lhes informações, nomeadamente ao nível de estudos de mercado, de perceber se existem potenciais parceiros”, explicou o diretor-geral.
Empresas de logística chinesas, desde distribuidoras de automóveis fabricados no exterior e de alimentos, bem como empresas de construção chinesas interessadas em entrar em mercados africanos têm sido as principais clientes da DMA Consulting.
“Até agora, tinha zero clientes em Portugal, à exceção da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC), a quem forneci estudos de mercado para a China e para mercados europeus, e agora espero ter uns quantos com a base que vou criar em Portugal e com os contactos que tenho estabelecido em missões empresariais”, disse Dário Almeida à margem de uma ação de charme de produtos portugueses em Shenzhen, na província de Guangdong.
A filial em Portugal deverá ser criada no próximo ano, segundo o diretor-geral da DMA Consulting, “para apoiar as empresas que queiram entrar na China e será mais focada em incentivos ao investimento, relacionados com candidaturas que potenciem a possibilidade de entrada neste ou noutro mercado”.
De acordo com Dário Almeida, que é um dos membros fundadores da AJEPC, “existe claramente espaço de manobra para produtos portugueses na China” e “há muitas empresas portuguesas que precisam de apoio em termos de informação”. “Falta é a criação de uma imagem mais forte de Portugal, através da qual as pessoas consigam perceber a história, não só o produto isoladamente, mas de onde ele vem”.
Ao salientar que a “promoção oficial de Portugal muda geralmente todos os anos”, o consultor lamenta que ela normalmente não se foque no “Portugal moderno, que tem produtos inovadores à escala mundial, no Portugal tecnológico, que tem espaço neste e noutros mercados”.
São precisamente os produtos portugueses de base tecnológica, a par de outros de luxo ou diferenciados e do setor agroalimentar que Dário Almeida aponta como os que têm maior potencial para conquistar espaço na segunda economia mundial. “Portugal tem bastante possibilidade de desenvolver plataformas informáticas para gestão de processos ou de sistemas informáticos internos e penso que esse é um campo em que nunca se vê cá ninguém e que vejo com maior potencial, a par dos componentes automóveis”, observou.
No que toca ao setor agroalimentar, Dário Almeida diz que “quanto mais se conhecer Portugal e o que o país pode oferecer, maior capacidade de expansão terá esta área”.
Outros setores tradicionais portugueses, como o calçado, ainda não estão muito presentes na China e isso, diz o consultor, “tem muito a ver novamente com a falta de imagem do país associada ao produto”. “A indústria do calçado é uma das mais competitivas a nível nacional, mas quando vem para a China normalmente não se apresenta como sendo portuguesa e também perde muito por aí, além de não ter os seus próprios pontos de venda”, realçou, propondo maior união entre os fabricantes para darem a conhecer o calçado português no oriente, nomeadamente através da organização de ações de charme em vários pontos do país.
A joalharia lusa é outra área para a qual Dário Almeida olha como tendo “potencial de crescimento”. “O problema é que os produtores de ouro em Portugal não têm uma marca associada. Têm excelente qualidade, conseguem até ser diferenciadores em termos de imagem, mas falta-lhes uma marca”, alertou.
Na China, concluiu o consultor, “existem ainda muitas oportunidades” à espera das empresas portuguesas.
Patrícia Neves