A campanha anticorrupção na China vai durar mais cinco anos, tempo necessário para a mudança de mentalidades – defendeu-se em Pequim
A campanha anticorrupção na China, considerada a mais drástica e diversificada das últimas décadas, que já atingiu dezenas de altos quadros com estatuto ministerial, vai durar “pelo menos mais cinco anos”, anunciou hoje a imprensa oficial chinesa.
A duração da campanha foi mencionada pelo líder da Comissão Central de Disciplina do Partido Comunista Chinês, Wang Qishan, numa reunião da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês realizada no passado dia 25 de agosto em Pequim.
“O combate à corrupção é uma guerra que a nação não se pode dar ao luxo de perder”, disse então Wang Qishan, citado pelo China Daily. Antigo vice-primeiro-ministro, Wang Qishan é um dos sete membros do Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder na China.
Um académico ouvido pelo China Daily disse que na referida reunião Wang Qishan “apresentou o plano do Governo para combater a corrupção”. “Dentro de cinco anos, a atitude dos funcionários face à corrupção mudará profundamente e cinco anos depois estará estabelecido um sistema global de prevenção da corrupção”, afirmou Zhu Lijia, professor da Academia Chinesa de Administração Publica, sem adiantar pormenores acerca do referido plano.
A atual campanha foi lançada logo após o XVIII Congresso do PCC, em novembro de 2012, que elegeu a nova liderança do país para a próxima década, encabeçada pelo novo secretário-geral do partido e Presidente da República, Xi Jinping.
Para tentar recuperar o prestígio do PCC, Xi Jinping prometeu “combater tanto as moscas como os tigres”, numa alusão aos quadros dirigentes que pareciam imunes às anteriores campanhas anticorrupção.
Este ano, pela primeira vez na história da República Popular da China, um antigo membro do Comité Permanente do Politburo, Zhou Yongkang, foi preso por corrupção – ele e dezenas de associados, entre os quais um vice-ministro da Segurança Pública.
Também pela primeira vez, um ex-vice-presidente da Comissão Militar Central, o general Xu Caihou, foi preso pelo mesmo tempo.
Analistas ocidentais associam estes processos a lutas políticas internas, mas, desta vez, a campanha está a revelar-se mais persistente e abrange diversas instituições e setores do Governo, desde as forças armadas às universidades.
Além dos clássicos crimes de aceitação de subornos e desvio de fundos, passíveis de pena morte, a Comissão Central de Disciplina está a investigar “manifestações de extravagância”, nomeadamente caros banquetes e viagens ao estrangeiro, outrora muito comuns entre a elite comunista.
“Se não conseguirmos controlar a questão da corrupção, isso poderá ser fatal para o partido e até causar o colapso do partido e a queda do Estado”, diz o relatório aprovado pelo XVIII Congresso do PCC.