O número de participantes/visitantes em convenções e exposições no primeiro semestre do ano diminuiu 29,1%, em termos homólogos, para 479 mil, segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).
Alan He Haiming, presidente da Associação dos Sectores de Convenções, Exposições e Turismo de Macau, salienta que com a recuperação económica e a contínua expansão do consumo no Continente, a indústria MICE está em transformação; empenhada em “melhorar a qualidade e a eficiência.”
“No passado, os consumidores de Macau não podiam sair para consumir, mas com o aumento do consumo a norte e a popularidade do consumo eletrónico, o número de visitantes no formato tradicional diminuiu significativamente. Não obstante, eventos como o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF), a Feira Internacional de Macau (MIF), a Exposição de Franquia de Macau (MFE) e a Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e Macau (GMBPF) atraíram mais visitantes profissionais.”
Para fazer face a esta mudança de mercado, He Haiming diz que a indústria de exposições está a passar por ajustamentos internos em vários aspetos. Um deles, é que em vez de se focarem apenas em vendas presenciais, agora também se focam em negócios comerciais. Por outro lado, refere que o modelo “convenção e exposições +” tornou-se numa linha orientadora para o desenvolvimento do setor.
“Não nos limitaremos apenas à organização de exposições, mas também organizaremos atividades como concursos e espetáculos, tornando todo o conceito expositivo mais abrangente, com conferências, exposições, eventos e artes performativas.
De acordo com a DSEC, Macau realizou um total de 702 atividades de convenções e exposições no primeiro semestre do ano, um crescimento homólogo de 34,5%, voltando a 95,6% do mesmo período de 2019. Estima-se que as atividades MICE geraram receita na ordem das 2.47 mil milhões de patacas, um aumento de 35,8% em comparação com o mesmo período de 2023. Outro dado de destaque é que das mais de 700 atividades MICE, 500 estiveram ligadas a Hengqin.
No ano passado, realizaram-se no total 1.139 atividades MICE, traduzindo-se numa receita de 6.6 mil milhões de patacas. De acordo com He Haiming, a receita proveniente de MICE pode chegar a 7 mil milhões em 2024, ou 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Desequilíbrio da balança
Já relativamente ao balanço entre receitas e despesas, os dados não são tão animadores. Segundo a DSEC, as despesas das exposições foram muito superiores às receitas no primeiro semestre do ano, sendo que o crescimento das despesas, em termos homólogos, é muito superior ao das receitas.
No primeiro semestre deste ano, foram entrevistadas pela DSEC empresas que organizaram 26 eventos expositivos. Juntas, estas atividades geraram uma receita total superior a 59 milhões de patacas, um aumento homólogo de 94,4%. No entanto, as despesas aumentaram 215%, passando de 45.39 milhões de patacas, em 2023, para 140 milhões em 2024.
Confrontado com estes números, He Haiming afirma que existem “discrepâncias” entre os dados da indústria e aqueles divulgados pela DSEC. O líder associativo defende que a indústria está “cada vez mais orientada para o mercado”, pelo que “está definitivamente no ponto de equilíbrio”.
Irwin Poon Yiu Wing, presidente da Associação de Convenções e Exposições de Macau, diz que as 26 exposições apresentadas pela DSEC são apenas uma parte das 702 atividades expositivas do primeiro semestre do ano. “Este desequilíbrio entre receitas e despesas é apenas para a parte das exposições. Não representa totalmente a situação da indústria MICE”, explica, acrescentando que esta situação “não é uma novidade”.
“Já enfrentámos problemas semelhantes entre 2018 e 2019, até 2023. Os organizadores dependem principalmente das receitas provenientes do aluguer das cabines. É realmente difícil manter operações só com subsídios governamentais e outros patrocínios. No entanto, é importante notar que, para além das exposições, alguns organizadores também fazem conferências e outras atividades, o que traz receitas adicionais.”
De acordo com a DSEC, o financiamento governamental ou institucional para exposições aumentou 352% em termos homólogos, para 22.76 milhões de patacas. Em termos de despesas, as de alojamento foram as que mais aumentaram, atingindo os 385%. Os custos com alimentação, produção e decoração também aumentaram – praticamente o dobro dos valores registados no primeiro semestre de 2023.
“Nos últimos anos, o aumento dos custos de restauração, alojamento e outros têm pressionado alguns organizadores, e os subsídios governamentais também têm diminuído gradualmente. Hoje, poucas pessoas vão organizar um evento só por causa dos subsídios governamentais.” Mesmo assim, acredita que “se a maioria dos organizadores está confiante sobre as suas exposições ou temas, devem continuar. Ou então, podem optar por integrar as suas exposições nas conferências.”
Irwin Poon Yiu Wing reconhece que “o impacto da parte das conferências pode não ser totalmente quantificável”, mas explica que “a maior parte das atividades MICE em Macau são conferências”. Portanto, “se olharmos apenas para os dados, vemos que a nossa indústria de convenções e exposições vai aumentar de forma constante em 2024. O primeiro semestre deste ano também atingiu [praticamente] o nível de 2019, mostrando uma tendência otimista. Esperamos que no segundo semestre do ano, com a época de pico tradicional dos MICE, mais atividades de exposição possam ser realizadas, e que o número de atividades expositivas este ano possa atingir o nível de 2019.”