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Receitas MICE só cobrem metade das despesas

Tanto nos eventos MICE organizados por entidades governamentais como pelo setor privado, as receitas não cobrem as depesas das operações. As organizações não governamentais só cobriram 80 por cento dos custos. O mesmo não acontecia em 2019, quando as receitas foram praticamente o dobro das despesas. O presidente da Associação dos Sectores de Convenções, Exposições e Turismo de Macau espera que “se atinja o ponto de equilíbrio no próximo ano”

Guilherme Rego

No geral, os eventos MICE (convenções e exposições) realizados até outubro em Macau custaram 143.143.000 patacas. Em contrapartida, geraram 69.405.000 em receitas, ou seja, as receitas representaram 48 por cento das despesas. Nos MICE realizados pelas entidades governamentais, as receitas cobriram apenas 24 por cento dos custos. Já nos eventos organizados pelo setor privado, as receitas cobriram apenas 80 por centos dos custos.

Em 2019, contudo, o cenário era bastante diferente. No total, a indústria gerou 105.760.000 patacas em receitas e 155.400.000 patacas em despesas. Quer isto dizer que as receitas cobriram 68 por cento dos custos. Apesar de apresentarem mais despesas que receitas, à semelhança de 2023, tal se deve às entidades governamentais, que só cobriram 4 por cento dos seus custos. O mesmo não aconteceu com o setor privado, que apresentou lucros. Aliás, as receitas foram praticamente o dobro das despesas.

Alan Ho, presidente da Associação dos Sectores de Convenções, Exposições e Turismo de Macau, diz que o facto de ser o primeiro ano depois da pandemia “é um fator importante” a contabilizar. “As empresas têm sido mais cautelosas com os custos, portanto as receitas também são mais baixas”, afirma. Por outro lado, “o número de visitantes de Macau recuperou relativamente rápido, o que significa que a indústria MICE precisou de pagar mais a fornecedores, como hotéis e espaços para convenções, pelo que as despesas foram mais elevadas do que em 2019. Portanto, a receita deste ano é uma perda em comparação com as despesas”.

Mesmo com um ano menos conseguido, acredita que a recuperação económica de Macau vai ajudar a voltar aos lucros. “As empresas vão aumentar gradualmente as suas despesas, especialmente na indústria MICE, e acredita-se que o retorno vai chegar. Ao mesmo tempo, as organizações MICE também estão a negociar com as concessionárias e hotéis, na esperança de que estes possam apoiar a indústria. Espera-se que, com base no aumento das receitas através dos seus próprios esforços, juntamente com o apoio dos fornecedores, as despesas possam ser reduzidas. Prevê-se que se atinja o ponto de equilíbrio no próximo ano.”

Subsídios são menores

Os subsídios concedidos pelo Governo de Macau ou outras instituições constituíram apenas 14,5 por cento das receitas das empresas na produção destes eventos. Os montantes concedidos chegaram às 8.850.000 patacas – quase o dobro do valor de 2021 (4.7 milhões). No mesmo período em 2019, apesar de os subsídios representarem menor proporção para as receitas das organizações não governamentais (13 por cento), os montantes concedidos chegaram às 13.4 milhões de patacas. Quer isto dizer que os subsídios governamentais desceram em 2023, estando a 66 por cento do que foi praticado no ano pré-pandemia.

Ho, que também é membro da Comissão para o Desenvolvimento de Convenções e Exposições do Governo de Macau, confirma essa realidade, defendendo que as autoridades querem que a indústria seja auto-sustentável. “O Governo quer que o setor MICE cresça para um desenvolvimento orientado para o mercado.”

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