Com o regime cada vez mais autoritário não há quem se desvie da linha para questionar publicamente as afirmações do homem que há mais de duas décadas dirige a Rússia, como presidente ou como primeiro-ministro. Junto do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, desvalorizou a contraofensiva ucraniana – “um fracasso”. Mas são vários os sinais de que na Rússia os dias estão longe de correr de feição.
Nas mais recentes declarações, Putin voltou a um tema ideal para distrair: a religião do presidente ucraniano. No passado recente os comentários do ministro Sergei Lavrov sobre o “sangue judeu” de Adolf Hitler a propósito de Volodymyr Zelensky ser judeu tornou-se num embaraço que levou o líder russo a pedir desculpas ao então primeiro-ministro israelita Naftali Bennett. Agora é o próprio Putin a voltar à carga ao acusar o Ocidente de ter instalado, “ao nível mais repugnante”, o antigo ator no poder, de raízes judaicas, para “encobrir a glorificação do nazismo” e uma “essência anti-humana que é a base do Estado ucraniano moderno”. A justificação de Putin para a “operação militar especial” é o pretenso “genocídio” de ucranianos russófonos por parte de neo-nazis, daí a alegada “desmilitarização” e “desnazificação” em curso.
No terreno, na zona sudeste da frente em Zaporíjia, Kiev diz ter superado a primeira linha defensiva russa e que está agora a tentar romper a segunda linha numa zona com uma densidade de minas mais baixa. Enquanto o ministro da Defesa russo Sergei Shoigu nega os avanços ucranianos, em sintonia com as afirmações da véspera de Putin, ainda ressoam as declarações de um piloto russo que desertou e que instou os compatriotas a seguirem o seu exemplo.
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